Posicionado à frente da Taça Henri Delaunay, na Cidade do Futebol. Fernando Santos defendeu, nesta terça-feira, que «não é utópico» pensar que, daqui a 20 ou 30 anos, aquele troféu tenha companhia de igual relevância.

«Utópico não é. Portugal vai ser sempre candidato. Tem de assumir-se como tal. Encontrou o seu rumo, e muitas vezes é preciso encontrar esse rumo. Sabemos como ganhar, o que é ganhar. As grandes equipas fazem-se disso, dá consistência. Se conheces o rumo para ganhar, a probabilidade de o conseguires é maior. Mas não podemos pensar que vamos ganhar todas as provas», afirmou.

Fernando Santos não foge à responsabilidade e assume que «a fasquia está alta e não pode subir mais». «Portugal vai continuar a afirmar-se como candidato a vencer todas as provas em que entra. Outra coisa é pensarmos que Portugal tem a obrigação de ganhar todas as provas. Tem a obrigação de ter a fasquia elevada, no compromisso de entrar como candidato a vencer. Isso vamos manter», garantiu o técnico.

«Se mantivermos a mesma linha, com o talento dos jogadores, é possível acreditar que podemos ganhar. O que é diferente de sonhar», resumiu o selecionador, que aponta a uma "revolução" gradual.

«Desde que eu cheguei mudaram 16 ou 17 jogadores. Temos conseguindo ir mudando as coisas, trazer coisas novas. O Bernardo é um jogador diferente, que está connosco há muito tempo. Não esteve em Marcoussis devido a lesão, mas esteve agora na Taça das Confederações. O Renato, que esteve no Euro mas não esteve agora, também. Também nesse aspeto as coisas têm funcionado. O percurso não vai ser sempre igual, porque os jogadores têm características diferentes. O treinador tem de adaptar-se a isso. Na Seleção podes escolher os melhores mas não podes ir buscar jogadores para um princípio de jogo com o qual te identificas mais. Tenho de aproveitar o que tenho, e felizmente tenho muito bons, para construir uma equipa capaz de ganhar», analisou.

Fernando Santos foi depois questionado se detetava um problema à vista no eixo defensivo, tendo em conta a idade das habituais escolhas e também o menor fulgor competitivo de alguns jogadores que foram apontados a essa sucessão.

«Os problemas são para resolver. Em todos os setores. Portugal tem trabalhado muito bem na formação, seja na federação ou nos clubes. Mas é preciso ter algum cuidado, isso também acho, para não corrermos o risco de pensar que, como tem havido sucesso na formação, está tudo resolvido e o futuro é assim. Temos alguns casos que não estão assim. E não coloco em causa o valor dos jogadores, que eu sei que é tremendo. Mas se calhar pensou-se demasiado cedo que era assim. Também devemos ter o bom senso de não desacreditar. Tivemos dois ou três jogadores que talvez tenham partido muito cedo. Não tiveram as épocas que esperavam, mas que vão ter no futuro. Isso pode deixar um desassossego, mas temos um futuro brilhante, com jogadores de qualidade. Temos de procurar as melhores soluções para, quando houver necessidade, fazer a revolução natural, como temos feito», explicou Fernando Santos.