Fernando Santos aceita, de forma descomplexada, a ideia de que existem dois tipos de liderança na Seleção: a sua e a de Cristiano Ronaldo. O selecionador nacional deixa claro que «há uma hierarquia de liderança», em todo o caso, mas diz que a influência do capitão é totalmente positiva.

«Tem tido um papel fortíssimo na união do grupo. Mais do que pelas palavras, pela sua forma de estar, pela atitude. Tem estado sempre disponível para servir a Seleção Nacional. Esse grande exemplo acaba por tornar-se uma liderança. Alguns destes jogadores colecionaram cromos do Cristiano, viam-no como um ídolo, e agora jogam com ele. Cresceram a ouvir que ele era um craque, inacessível, e quando chegam conhecem alguém com uma disponibilidade incrível em todos os jogos. Só isso marca logo a diferença, mas não colide com a liderança natural do treinador. É sempre bem-vinda», assegura Fernando Santos.

Em conversa com os jornalistas um ano (e um dia) depois da conquista do título europeu, o selecionador falou do espírito de equipa que sustentou o feito de Paris, mas que não foi ali formado.

«A família não foi construída em Marcoussis. Não funcionaria, seria tarde de mais», garantiu Fernando Santos, que continua a sentir a mesma coesão.

«Quando se realizou a Gala da Federação cheguei a comentar: "Vamos ver os jogadores aparecem todos". Eles não gostam muito destas coisas. Uma hora antes da Gala já estavam todos no hotel, aos abraços. Mais importante do que a Gala era estarem juntos, algo que já não acontecia há algum tempo», destacou.

O selecionador lembrou ainda o vídeo gravado por alguns jogadores na Taça das Confederações, no qual aparecem a trocar uma bola de cabeça, até colocá-la dentro de um balde do lixo. «Estão lá jogadores que estiveram em Marcoussis e outros que não estiveram. Esta família mantém-se, é indestrutível», afiançou.

Fernando Santos vê um grupo «muito cimentado», e «só uma grande revolução pode abanar a estrutura». «Se a revolução for contínua e natural, dificilmente isto se vai perder», resume.