Vítor Baía é o mais recente ex-internacional a reforçar a estrutura da Federação Portuguesa de Futebol. O antigo dono da baliza da equipa das quinas vai liderar o «Projeto 1», uma escola destinada a formar os guarda-redes do futuro.
 
«Queremos que seja um projeto de eleição, de excelência, que coloque a FPF como uma das maiores referências a nível internacional», disse o antigo internacional, na conferência de apresentação.
 
Mais do que criar um estilo luso, a ideia é procurar qualidade. «Pretendemos guarda-redes equilibrados. Que se adaptem ao modelo de jogo da equipa e às circunstâncias. Quando digo equilíbrio é alguém que jogue bem com o pé esquerdo e com o pé direito, que controle a profundidade, forte no um para um e com qualidade natural dentro da baliza, para além da liderança», explicou.
 
Baía garantiu que será «um projeto para o país, aberto a clubes e associações». «Temos um caminho largo a percorrer, nomeadamente ao nível das associações, para aumentar o leque de escolhas», sustentou.
 
O ex-jogador defendeu ainda que «para ter bons guarda-redes é preciso ter bons treinadores», e por isso o projeto «vai incidir muito na formação dos treinadores».
 
A importância do desporto escolar foi também destacada, e a ideia passa por «tentar estabelecer protocolos com o Ministério da Educação».
 
O presidente da FPF destacou, de resto, a importância não só de desenvolver os guarda-redes já existentes, mas também atrair jovens para a posição. «Todos sabemos que quem ia à baliza era aquele que menos tinha jeito para a prática futebolística. Queremos captar jovens que tenham intreresse e gosto por esta posição específica. O Vítor vai ser um polo de atração para que o jovem tenha interesse em ir para a baliza», referiu Fernando Gomes.
 
Vítor Baía defendeu também que o guarda-redes «tem sido o jogador que tem sido mais obrigado a evoluir», e deu o seu exemplo: «Ainda apanhei a fase dos atrasos em que se podia agarrar, e tivemos de mudar, pois as leias estavam sempre contra o guarda-redes. Eu tinha 26 anos quando mudou, e não tivemos problemas em crescer, em evoluir.»
 
Os objetivos do «Projeto 1» passam por aumentar o número de guarda-redes com potencial para integrar as seleções nacionais, qualificar a valorizar a posição, promover o «produto» nacional e fazer da FPF uma referência a nível internacional na formação de guarda-redes.
 
Para já o trabalho vai incidir sobretudo na detetação dos principais talentos entre os 14 e os 17 anos, e ao mesmo tempo abrir as convocatórias das seleções mais jovens (até aos sub-18) a mais três guarda-redes.
 
O plano passa também por, mais tarde, criar dois cursos para treinador de guarda-redes e reforçar os conteúdos programáticos relacionados com esta posição nos cursos de treinador já existentes. Nesse sentido será reunido um grupo de especialistas para definir esses conteúdos, e também será criado um espaço de reflexão anual para analisar a evolução do projeto.
 
«Espero ver invertida a situação atual, e ver mais guarda-redes portugueses nas equipas nacionais, e acima de tudo com qualidade. Não é guarda-redes quem quer, mas quem pode», reforçou Baía.
 
O regresso à FPF, treze anos depois
 
Treze anos depois da última internacionalização, frente à Inglaterra, Vítor Baía volta a servir a Federação Portuguesa de Futebol, agora como líder deste «Projeto 1», que vai formar os guarda-redes do futuro.
 
«É um orgulho voltar a esta casa. Foram mais de cem jogos, entre seleção principal e escalões mais jovens. É um momento de grande emotividade», disse o ex-jogador.
 
O presidente da FPF, Fernando Gomes, lembrou que Vítor Baía é «um dos jogadores de futebol com mais títulos». «Para além de ser um campeão, foi um dos melhores guarda-redes mundiais da sua geração e da história centenária do futebol português. Após deixar de jogar procurou aprofundar a sua formação e desenvolver os conhecimentos», destacou.
 
«Acreditamos que o caminho certo é juntar a experiência de antigos profissionais com pessoas mais habituadas ao desafio de gestão. Desta partilha de experiências tem dado os resultados que se conhecem», acrescentou ainda o líder federativo.