No primeiro de três ensaios gerais de preparação para o Mundial da Rússia o conjunto de Fernando Santos ameaçou tracejar um soneto diante da Tunísia, mas o primeiro rascunho pré-epopeia que se espera que o Mundial seja foi apagado pela perda de uma vantagem de dois golos. Empate a duas bolas no Municipal de Braga, com o gesto técnico de cabeça de André Silva e a bomba de João Mário a não serem suficientes.

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As métricas nem sempre saíram na perfeição, que é como quem diz, o ritmo nem sempre foi o desejável, mas foi possível ver-se algumas rimas alegres a fazer puxar os galões de Campeões Europeus por parte da Seleção Nacional de Portugal. Duas desatenções defensivas anularam as figuras de estilo que começaram por ser desenhadas

No esboço do engenheiro o principal destaque vai para os primeiros minutos de Rúben Dias na seleção principal de Portugal. O defesa central do Benfica fez dupla com Pepe, estreando-se assim nas escolhas do técnico. Menção ainda para o facto de o tal ensaio geral não ter a personagem principal. É inevitável fazer-se referência a Cristiano Ronaldo mesmo que apenas para acentuar a sua ausência.

Cabeça de André Silva e bomba de João Mário

Mesmo sem a estrela da companhia, Portugal mostrou que bastava pôr o pé no acelerador para impôr o seu ritmo, chegando a zonas adiantadas do terreno com relativa facilidade. Quaresma dispôs de uma boa oportunidade logo nos instantes iniciais, André Silva apareceu em posição privilegiada para rematar depois de se livrar de um adversário, mas o remate saiu desenquadrado. Avisos que tiveram sequência aos 22 minutos quando o atacante do AC Milan cabeceou com as medidas certas para o fundo das redes.

Cruzamento de Quaresma, o mais aplaudido face à ausência de Ronaldo, e André Silva fez de cabeça com que as bancadas do municipal bracarense exultassem na língua de Camões a festa do futebol.  Bom gesto de André Silva, após o trabalho de Quaresma na direita. Um golo histórico, o golo mil da Seleção Portuguesa no tal soneto pré-Mundial.

A dez minutos do intervalo João Mário disferiu uma autêntica bomba de fora da área, na ressaca de um pontapé de canto, a fazer o segundo de Portugal. Grande golo do médio emprestado pelo Inter a West Ham. Mais um golpe a superiorizar a maior técnica lusa à maior envergadura física dos tunisinos.

Borracha na escrita

A simplicidade com Portugal chegou ao 2-0 perante uma Tunísia demasiado curta no que às tarefas ofensivas diz respeito deu em relaxamento, fazendo com que a equipa orientada por Nabil Maaloul reduzisse apenas cinco minutos após o segundo golo sofrido. Autoestrada no corredor central a permitir que a bola deambulasse até chegar aos pés de Badri, que rematou de primeira para fora do alcance de Anthony Lopes.

Resposta enérgica de Portugal no reatar do encontro. O arranque da segunda parte assinalou o melhor período da equipa das Quinas ao apresentar-se forte na pressão e ávida de mostrar serviço após o golo consentido. No lance de maior frisson Bernardo Silva atirou ao ferro e João Mário esbarrou em Moez Hassen na recarga.

Quando se adivinhava o segundo de Portugal a Tunísia chegou ao empate. Balde de água fria. A defesa portuguesa estava a subir, há um cruzamento da direita e aparece Bem Youssef a fazer o desvio subtil. Borracha sobre a escrita do soneto.

Faltou mais intensidade a Portugal, o que se compreende dado o caráter do jogo, mas ainda assim o empate cedido depois de estar a vencer por duas bolas a zero não deixa de ser um rude golpe. Até porque a Tunísia esteve longe de ser um Adamastor.