Saboroso triunfo de Portugal frente à Argentina, em encontro particular realizado em Manchester. Golo tardio de Raphael Guerreiro em solo inglês (0-1), contrariando a maioria das expectativas. O jovem lateral foi a figura inesperada no cartaz da batalha de estrelas, marcando em período de descontos. Mais uma vez, com papel decisivo de Ricardo Quaresma.
 
Bom encaixe financeiro para Portugal e três estreias com a camisola das Quinas: Tiago Gomes, José Fonte e Adrien Silva. A equipa de Fernando Santos continua a não sofrer golos e basta-lhe um para vencer, uma vez mais.

Confira a FICHA DE JOGO
 
Argentina e Portugal mediram forças num Old Trafford bem composto, com perto de 50 mil pessoas nas bancadas. Grande parte das atenções centradas em Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, naturalmente, mas não só.
 
Os ingleses gostaram de ver os fiéis escudeiros dos melhores do mundo: Angel Di María e Nani, dois jogadores dos quadros do Manchester United. Um a atuar no clube, outro no Sporting por empréstimo.
 
Quando Nani atingiu Di María com alguma dureza, ainda na primeira parte, os adeptos não conseguiram esquecer a ligação clubística. Mas havia futebol pela frente e duas nações em disputa, mesmo num encontro amigável. Nani e Di María exibiram-se a bom nível. O português, aliás, ficou em campo durante 90 minutos, com nota positiva.
 
No duelo principal, Messi começou melhor mas Cristiano Ronaldo não deixou de assinalar o seu regresso a Old Trafford com pormenores de tremenda qualidade. O argentino deu grandes dores de cabeça a Tiago Gomes (estreia difícil para o lateral) e atirou ao poste, o português teve uma oportunidade soberana para marcar mas atirou por cima.
 
O confronto com a Bola de Ouro no horizonte terminou em 45 minutos. Iniciou-se com a cordialidade de dois gigantes, os cumprimentos no túnel e no centro do relvado. Passou por desempenhos a justificar as expetativas, embora relativamente curtos. Os adeptos presentes no estádio queriam mais.

O inédito desenho no setor intermediário
 
De qualquer forma, reduzir um Argentina-Portugal a este Messi-Ronaldo seria menosprezar tudo o resto. O jogo mudou após o intervalo, é certo, mas não apenas pela saída das maiores figuras.
 
Até lá, foi possível ver uma seleção nacional a sofrer bastante nos primeiros minutos, sobretudo no seu lado esquerdo. Fernando Santos promoveu quatro alterações no onze: entraram Beto, Bruno Alves, Tiago Gomes e André Gomes.
 
André Gomes colocou-se ao centro num setor intermediário inovador, em 4x4x2. Nani fechava à direita, André e Tiago ficavam no meio, João Moutinho descaía na esquerda para ajudar Tiago Gomes. Cristiano Ronaldo tinha liberdade total para acompanhar Danny na frente.
 
A fórmula não resultou. Ao minuto 25, perante a crescente pressão da Argentina, o selecionador recuperou o figurino habitual e Portugal melhorou. Em 4x3x3, foi diminuindo os focos de pressão e aproximou-se com maior regularidade da baliza de Nahuel Guzmán (guarda-redes do Tigres UANL, México).
 
O intervalo chegou sem registo de golos e as substituições anunciaram um jogo diferente na etapa complementar. Assim foi.
 
Quatro suplentes a cozinhar a vitória

Portugal surgiu com duas alterações no setor ofensivo mas Éder e Ricardo Quaresma tardaram em inquietar o último reduto celeste. A Argentina, com Nico Gaitán (Benfica) no lugar de Messi, continuou a dominar territorialmente.
 
Fernando Santos promoveu mais estreias, para além de Tiago Gomes. José Fonte entrou no reatamento e Adrien recebeu a ansiada oportunidade ao minuto 65. Pouco depois entraria Jonathan Silva (Sporting) na seleção argentina.
 
A Argentina manteve a aparente superioridade até perto do final do encontro, mas Portugal espreitou a baliza contrária ao cair do pano e, após duas ou três tentativas frustradas, chegou mesmo ao golo.
 
Adrien armou o remate no corredor central, a bola desviou em Éder mas Ricardo Quaresma (sim, de novo ele) acreditou e fez um cruzamento já perto da linha de fundo. Lá no meio estava Raphael Guerreiro, o lateral atrevido, para cabecear com êxito. Golpe de teatro em Old Trafford, com a intervenção de quatro suplentes.