A figura: Bernardo Silva

Finalmente viu a Luz, ou a Luz é que finalmente viu um grande amigo da bola. Bernardo Silva recolheu-a e acariciou-a com a qualidade habitual. E depois enviou-a para destinos certos, com boas decisões. Guardiola disse dele que era perfeito porque não perdia a posse. O jogo da Luz, nesta noite, foi um grande exemplo disso mesmo. Por dentro ou por fora, soube sempre decidir bem. Com a bola colada ao pé esquerdo, foi o principal responsável pelos metros que a seleção avançou no terreno. Tentou o golo num pontapé forte aos 32 minutos e por tudo o que já se disse ficou-lhe muito bem a assistência para o 2-0, para mais um golo de André Silva. Um tratado de saber jogar bem futebol, com combinações fáceis e inteligentes. Portugal leva Ronaldo à Rússia, mas desta vez, ao contrário do que sucedeu no Euro 2016, espera-se que na bagagem vá também este Messizinho, como um dia outro Pequeno Genial o apelidou.

O momento: minuto 42

Portugal venceu o Europeu em França, na final com a França, com um golo do mais improvável Éder. Agora, precisava de vencer a Suíça e numa dessas coisas do destino foi um jogador helvético que marcou para a seleção, num cruzamento de um também improvável Eliseu. Um golo com muita sorte à mistura, numa espécie de «final» para chegar à Rússia. Assim, com Éderes, Eliseus e toda esta estrelinha à mistura, um dia, quem sabe, a seleção ainda nos leva à Lua.

João Mário

Uma exibição em crescendo, que terminou num patamar bem elevado. João Mário esteve bem na posse de bola, mas só na segunda parte se soltou verdadeiramente para mostrar todos os recursos que tem. Claro, nessa altura, já meio golo era dele, com a ida ao cruzamento de Eliseu que terminou no autogolo suíço. Quando o resultado tranquilizou a seleção, o camisola 10 soltou correrias pela Luz e ainda deu um golo a Ronaldo. Não fosse o dia do ano em que o capitão falha no um para um com o guarda-redes e o médio português saíra com mais um passe para golo.

João Moutinho

Mais de cem internacionalizações pela seleção e quantas vezes teremos visto João Moutinho a jogar mal? Poucas, raras mesmo. Num meio-campo com nomes importantes e concorrência séria, o camisola 8 é um porto seguro. Fernando Santos sabe o que dali vem e o que veio nesta noite foi mais uma exibição segura, a liderar o miolo português com todas as garantias que João Moutinho dá. Pode não ser exuberante, é um facto, mas é fiável como ninguém.

Cédric

Contra os suíços, cruzar, cruzar. Assim foi o jogo ofensivo de Cédric Soares, que nesta terça-feira desceu um pouco o nível exibicional com que tinha disputado a últimas partidas pela seleção. Aquele gesto técnico saiu-lhe demasiadas vezes mal e como o defesa do Southampton não é um jogador que invada muitas vezes o interior dos setores adversários, isso pesou na exibição do lateral-direito que apesar de tudo, melhorou na parte final do encontro nesse capítulo. Foi, provavelmente, o desempenho menos conseguido da noite, no lado português.

Seferovic

O que foi a Suíça, foi Seferovic. Poucas oportunidades, sem praticamente importunar Rui Patrício. O avançado do Benfica esteve em dois dos lances mais ou menos perigosos da seleção helvética: num remate de costas para a baliza no primeiro tempo, num desvio a pontapé de Shaqiri no segundo. E pouco mais, pois o adversário só teve mais um pontapé a registar, aquele de Shaqiri num livre no início da etapa complementar.