A substância detectada num jogador da Lazio que, tudo indica, será o português Fernando Couto, numa análise feita após o jogo com a Fiorentina, no passado dia 28 de Janeiro, que terminou com a vitória do conjunto romano por 4-1, chama-se nandrolona. 

Mas, afinal, que substância é esta que provocou todo este caso ainda por esclarecer? A nandrolona integra-se no grupo dos esteróides anabolisantes, uma das cinco grandes famílias de substâncias dopantes (as outras quatro são os estimulantes, os narcóticos, os diuréticos e as hormonas peptídicas).  

Trata-se de uma hormona injectável, que pode ser usada no tratamento de doenças como a osteoporose, além de outras terapêuticas específicas, que visam, quase sempre, o fortalecimento da camada óssea e/ou da massa muscular. 

Como qualquer esteróide anabolisante, a nandrolona tem como principal efeito estimular a massa muscular. Por outras palavras, confere mais força e capacidade de produção de energia ao atleta. Contudo, a nandrolona não é dos exemplos mais conhecidos de agentes androgénicos anabolisantes utilizados por desportistas. Os casos mais recorrentes são de testosterona, uma substância que, tal como a nandrolona, só é probida quando acusada em níveis superiores ao normal. 

Isto, porque tanta a nandrolona como a testosterona podem ser produzidas, de forma natural, pelo corpo humano. A questão está nos limites. De acordo com declarações produzidas esta manhã por Andrea Campi, médico da Lazio, os únicos produtos ingeridos por Fernando Couto foram vitaminas e minerais, precisamente dois componentes essenciais à produção androgénica no corpo humano de uma substância como a nandrolona. 

Artificial ou... natural? 

Se avançar com suposições é demasiado prematuro, quanto mais não seja porque nem sequer está oficialmente confirmado que o visado deste caso é Fernando Couto, a verdade é que um conjunto de dados suscita alguns pontos de interrogação. Em primeiro lugar, o facto de o jogador ter sido analisado noutras quatro ocasiões esta época (com Leeds e Real Madrid para a Liga dos Campeões; com Bolonha e Milan, para a série A italiana) faz perguntar como é que só no jogo com a Fiorentina Couto tenha infringido a lei.  

Por outro lado, qualquer amante do futebol internacional sabe que o defesa-central português, actual capitão da selecção nacional na ausência de Vítor Baía, é dono de uma massa muscular apreciável, pelo que não será, de todo, o tipo de jogador que necessitaria deste tipo de substância estimulante. Mais um dado, pois, que poderá apontar para uma causa acidental, que tenha a ver com algum programa de recuperação física, ou mesmo com uma produção fisiológica ou patogénica. 

O jogador, de 31 anos, não teve, nos últimos tempos, qualquer lesão grave, tendo apenas falhado o encontro no passado dia 20 de Novembro, com o Anderlecht, para a Liga dos Campeões.  

FIFA não proibe mas deixa ao critério das federações  

A condição fisiológica acima explicada faz com que a FIFA não proiba, nos seus regulamentos, tout-court, o uso da nandrolona, que assim não é considerado, internacionalmente, como produto interdito. No entanto, o organismo máximo do futebol mundial deixa ao critério das federações nacionais regulamentação específica e local sobre a matéria. No caso italiano, a lei geral prevê, desde Janeiro de 2001, que o uso indevido de nandrolona para efeitos desportivos tenha como pena entre três meses a três anos de prisão (sanção cível) e de oito meses a dois anos de suspensão (sanção desportiva). 

Já o Código de Antidopagem do Movimento Olímpico, na sua lista das classes de subsâncias e métodos interditos, integra a nandrolona como substância ilegal. 

A confirmar-se este caso, será a sétima situação de doping detectada no futebol italaino esta época. E o terceiro caso de nandrolona. Os jogadores Bucchi e Monaco, ambos do Peruggia, acusaram positivo, curiosamente num jogo frente à Lazio, a 14 de Outubro passado. Na série B, o lateral-esquerdo Da Rold, do Pescara, também acusou positivo, tendo-se detectado nandrolona, no encontro com o Monza, a 14 de Setembro passado.