Os jogadores no primeiro ano de sénior foram os principais beneficiados com o regresso das equipas B, de acordo com uma  tese de mestrado da autoria de Alexandre Manuel Correia da Silva ( leia mais aqui) e divulgado pela Federação Portuguesa de Futebol a que o Maisfutebol teve acesso.

O documento apresenta o tempo de competição em clubes profissionais dos jogadores que passaram pela seleção sub-19 entre 2011 e 2014. A diferença é impressionante.

Em 2011 o tempo de competição era inexistente: dois minutos!

Em 2012 o tempo em campo subiu um pouco, mas mesmo assim ainda era irrelevante, se pensarmos que em análise está todo o ano: 376 minutos.

A partir de 2013 muita coisa mudou. Os jogadores selecionados competiram 6427 minutos na equipas B, que jogam na II Liga, e 629 minutos em outras provas profissionais.

O panorama em 2014 é ainda melhor. Os internacionais sub-19 que passaram na seleção jogaram 7253 minutos em equipas B e 1379 em outras equipas profissionais. Este foi o ano em que a seleção sub-19 chegou à final do Europeu da categoria.

O estudo demonstra que também a seleção sub-21 beneficiou com o aparecimento das equipas B.

Na qualificação falhada para o Euro 2013, em sub-21, os jogadores competiram 72794 minutos em clubes profissionais.

No ciclo seguinte, que terminou esta terça-feira com o apuramento para o Euro 2015, 124921 minutos. Deste tempo, 47 por cento foi passado em desafios das equipas B, na II Liga.

Os números são claros: o regresso das equipas B está a ter um impacto significativo sobre as oportunidades de que beneficiam os jogadores nos primeiros anos de senior.

Em 2013, Portugal era apenas o 14º país em tempo de jogo em clube dos futebolistas selecionados. Ou seja, muitos dos jogadores convocados chegavam aos treinos da seleção sub-21, dirigida por Rui Jorge, sem competição regular.

Em apenas dois anos, Portugal passou de 14º para 5º no mesmo ranking! À frente, apenas Alemanha, Inglaterra, Noruega e França. As sete seleções apuradas para o Euro 2015, na República Checa, estão entre as doze com mais tempo de competição em provas de clubes.

Curiosamente, a tendência geral é para oferecer mais tempo de competição aos mais novos. São apenas cinco as exceções: Espanha, Suécia, Holanda, Ucrânia e Rússia.

Apesar destes números, nem tudo está bem.

Quando se olha para tempo de jogo no campeonato principal aí a coisa muda de figura. Portugal é apenas 12º. Em dois anos, o crescimento foi pouco significativo. Alemanha, Eslováquia, Espanha, Portugal e Inglaterra cresceram, mas a maior parte dos países até desceu. As maiores quedas aconteceram na Rússia, Holanda, França, Croácia, Suíça e Ucrânia. Se não se tratar de uma situação conjuntural, esta tendência poderá ter consequências a médio prazo.

Portugal também não sai bem na análise do tempo de jogo dos sub-21 nas competições europeias: é apenas 14º entre os 16 países analisados. Sérvia, Holanda, Croácia, Suécia e Espanha surgem na frente. A Itália é última nesta tabela. Portugal melhorou ligeiramente neste aspeto, fundamental para acrescentar experiência internacional aos jogadores jovens.

Se, em geral, os sinais são muito positivos, com reflexos nos resultados das seleções jovens e provavelmente acelerando a chegada dos jogadores a outros patamares, nestas coisas nada se resolve em definitivo. Maisfutebol somos os minutos em clube dos jogadores que formaram os onzes das seleções apuradas e a conclusão não foi agradável. 

Na segunda mão do play-off,  Portugal formou a equipa menos rodada em 2014/15. Menos do que a Holanda, até. E muito menos do que Alemanha e Inglaterra. No entanto, um aspeto beneficia Portugal: todos os jogadores do último onze atuam nos campeonatos principais dos países onde vivem. Algo que não sucedia, por exemplo, com Alemanha, Inglaterra e Itália. E o retrato seria diferente se William Carvalho, André Gomes e João Mário não tivessem estado na Dinamarca mas sim em Paços de Ferreira.