Figura do jogo: Cristiano Ronaldo todo artilhado

Foi um capitão artilhado com todos os seus recursos técnicos que se apresentou esta noite no Estádio da Luz para comandar os campeões da Europa para nova investida sobre a Hungria. Uma exibição em cheio de um jogador de luxo, esta noite kitado com todos os «extras» que já lhe conhecemos. Assinou o primeiro remate do jogo, para mostrar o caminho, testou um primeiro Tomahawk, a rasar o poste, rematou de cabeça, cruzado ao lado, deu início ao lance do primeiro golo e levantou as bancadas com o segundo. Um remate a levar a bola a passar pelo buraco da agulha e a entrar junto ao poste. Ainda antes do intervalo, tirou um pontapé de bicicleta do bolso, depois de uma assistência açucarada de João Mário. A Luz estava rendida. Mas ainda havia mais.

Momento: silêncio que vai ser golo

Momento solene no Estádio da Luz quando Cristiano Ronaldo ajeitou a bola para marcar um livre sobre a esquerda, já na segunda parte. Já todos conhecemos o ritual. O capitão fixou as botas no relvado, pernas abertas, encheu os pulmões e fez-se um silêncio majestoso. Todos sabiam o que podia sair dali. O capitão expirou e construiu um monumento. Um remate cruzado, com a bola a pingar antes da linha fatal a fazer levantar as bancadas em festa. Um grande golo a emoldurar o 70º golo de Cristiano Ronaldo com a camisola das Quinas.

Outros destaques: confira a FICHA DO JOGO

André Silva

Quinto golo ao serviço da seleção e uma assistência para Cristiano Ronaldo fazer o segundo. No golo teve apenas o mérito de estar no sítio certo, uma vez que a nível técnico, só teve de encostar a bota àquela bola que já trazia todas as instruções no cruzamento de Raphael Guerreiro. Mas a assistência para Ronaldo já tem direitos de autor. Um subtil toque de calcanhar, a deixar a bola limpinha, à disposição do capitão. Moral em alta para o clássico.

Raphael Guerreiro

Se há lugar que não merece contestação no onze da Seleção Nacional, é o do lado esquerdo da defesa. Raphael Guerreiro assumiu a posição de forma incontestável e esta noite deu mais um exemplo disso mesmo, a defender, mas sobretudo na participação das transições ofensivas da seleção, dando bem mais profundidade do que Cédric no seu corredor. Não foi por acaso que Portugal atacou preferencialmente pela esquerda, era por onde o jogador do Borussia de Dortmund abria caminho, com sucessivas combinações com Quaresma, Ronaldo ou João Mário. Numa delas fez mesmo uma assistência para André Silva encostar para o primeiro golo. Exemplar.

William Carvalho

Com muita gente a gritar pela titularidade de Danilo, William Carvalho deu uma boa resposta em campo, com o seu estilo pachorrento, mas extremamente eficaz. Cada passe seu, parece uma tacada de bilhar, com a bola a deslizar no relvado, direitinha, com velocidade certa, rumo ao destinatário. E quando é preciso é capaz de contrariar o próprio estilo e acelerar para recuperar uma bola.

Bernardo Silva

O facto de não ter integrado as primeiras escolhas de Fernando Santos foi uma desilusão para muitos, principalmente para os que têm acompanhado de perto as exibições do Monaco de Leonardo Jardim, mas ainda foi possível ver o jovem médio a derramar talento na Luz. Entrou a pouco mais de vinte minutos para o final, para o lugar de André Silva, para jogar solto, na zona central, ao lado de Cristiano Ronaldo, mas com tendência para cair mais sobre a direita, trocando várias vezes de posição com João Mário. Esteve perto de marcar da forma mais inesperada, com um remate de cabeça, a cruzamento de Quaresma, que passou muito perto da barra.

Ricardo Quaresma

Continua ser útil a esta seleção, principalmente nos minutos iniciais, quando foi preciso quebrar a consistência da defesa húngara. O extremo do Besiktas, também bem artilhado, no que diz respeito a recursos técnicos, foi desfazendo a confiança do adversário, com sucessivos raids, em drible, provocando o caos e forçando o adversário a cometer erros. Já para não falar naqueles cruzamentos de trivela que fazem sempre mossa.

André Gomes

Mais uma exibição segura do médio do Barcelona a manter o equlíbrio no meio-campo, sempre atento às devidas compensações e extrema segurança nos passes.