Fernando Santos, selecionador nacional, analisa a vitória sobre o Egito (2-1), em jogo de preparação para o Mundial2018:

«A primeira parte foi bem conseguida, mas não totalmente. A equipa foi melhor do que o Egito, esteve bem organizada, mas em termos ofensivos faltou jogo interior e entre linhas. O Bernardo e o João, como planeado, deviam ter feito mais movimentos interiores para receber a bola na zona morta do adversário. Tivemos essa dificuldade, jogaram demasiado abertos. Esse foi um obstáculo para criarmos mais e melhores oportunidades. Foi isso que disse ao intervalo, que devíamos manter o que estava bem, mas melhorar esse aspeto.

«Mas na segunda parte não entrámos tão bem, o jogo ficou mais dividido. Controlámos menos o jogo. O Egito começou a ter alguma capacidade de ter jogo, e acabámos por sofrer um golo. Já vi as imagens, e baixámos muito na nossa área, deixámos espaço à entrada e não conseguimos encurtar a tempo de evitar o remate do Salah, que foi de execução muito boa. A partir daí tivemos quinze minutos maus, muito atabalhoados, muito à pressa. As substituições dessa primeira fase não resultaram. Tentei refrescar o meio-campo e colocar quatro jogadores mais móveis na frente. Isso baralhou um pouco, a equipa não conseguiu controlar o jogo. O Egito também não criou grandes problemas, mas teve bola, obrigou-nos a correr um pouco. Nos últimos dez minutos valeu essencialmente a vontade e determinação da equipa. A equipa juntou-se mais, subiu mais. Obrigámos o Egito a falhar mais vezes, e depois a criatividade individual dos jogadores, como Gelson ou Quaresma, criou condições para fazer os golos. No cômputo geral diria que a vitória é justa, mas há coisas a retificar, pois aqueles quinze minutos não foram bem conseguidos. A responsabilidade é minha, seguramente, e aquelas nuances ofensivas da primeira parte temos de melhorar.»

[Bruno Fernandes pode ser importante para esse jogo interior, para pegar no jogo, para furar?] «Obviamente que o Bruno Fernandes dá coisas diferentes, mas a questão do jogo interior, na primeira parte, não passava pelo médio-centro, e sim pelos dois médios que não entravam dentro. O adversário estava sempre a jogar dois para um na zona central, em superioridade, e as coisas tornavam-se mais difíceis. O importante era ocupar esse espaço entre linhas onde podíamos ter jogado. Mas o Bruno tem características diferentes, e tem essa capacidade de passe longo, passe a rasgar, de remate. Conheço as mais-valias que pode trazer.»

[Se Ronaldo está garantido no Mundial, podemos dizer que Quaresma também?] «Há um jogador que está convocado, seguramente. Espero eu e assim desejo. Chama-se Cristiano Ronaldo. Depois há uns que estão mais perto…»

[sobre a reação da equipa] «Mais uma vez a equipa demonstrou que não aceita a derrota em circunstância nenhuma, e tudo faz para alterar um resultado, esteja empatada ou a perder. Isso agradou-me muito. A equipa revolta-se contra isso. Às vezes não tão bem quanto desejamos, mas com muita vontade, determinação e ambição. Várias vezes conquistámos vitórias nos instantes finais, e mais uma vez conseguimos isso.»

[que impacto teve este jogo na definição da lista final? Aumentou ou diminuiu a percentagem da lista que está definida?] «Não aumentou nem diminuiu. Basta fazerem contas. Não é muito difícil. Temos aqui 24 jogadores. Logo à partida temos um que não estará na lista. Temos jogadores fora que à partida estarão. Não é difícil dizer que jogadores como Pepe, Danilo ou William estão muito mais perto de uma convocatória. É normal. Eu disse 70 por cento, mas também disse que podia ser 60 ou 80.»

[sobre o VAR] «É uma nova tecnologia. Na Liga tem sido utilizada. Na Taça das Confederações fomos os primeiros a testar, o primeiro golo anulado foi nosso. Com coisas novas há sempre correções a fazer, mas acredito que o VAR, limando as arestas, vai ser importante para o futebol. Parece-me claro.»