O selecionador nacional Roberto Martínez garantiu que o lote de jogadores convocáveis é alargado e assumiu que tem de «tomar decisões difíceis», tendo ainda revelado como faz a lista de convocados.

«No primeiro estágio, um jogador como Pedro Neto ou João Neves não estavam nas listas. É um acompanhamento aberto. A minha responsabilidade é estar sempre a acompanhar jogadores novos. A nossa forma de trabalhar é dividida em três grupos. Um de jogadores de muita experiência e talento de nível internacional, outro grupo de jogadores que já jogaram pela seleção, mas precisam estar num bom momento de forma e depois outro de jogadores que nunca jogaram na seleção, mas têm uma qualidade ou uma valência de que precisamos. Pode ser um jovem ou não», disse o técnico espanhol em entrevista à RTP.

Martínez revelou que contactou os «jogadores que tiveram um passado com a seleção», mas que ainda não foram chamados pelo novo selecionador e fez uma análise individual de alguns deles.

«Jogadores como Diogo Leite, Matheus Nunes, Bruma, Paulinho, Pote [estão na pré-lista de 38]... Quando falamos de jogadores do Sporting, o Gonçalo Inácio cresceu muito nos últimos oito meses mas o Pote teve sempre um papel importante, uma responsabilidade para ganhar jogos com o Sporting. Outros jogadores têm dificuldades porque há outros jogadores nas mesmas posições. Mas é uma boa notícia para nós, temos muito talento no futebol português», realçou.

O selecionador nacional considerou que é possível conciliar o talento que existe na frente de ataque portuguesa e garantiu que, mais importante do que o nome da camisola, está aquilo que o jogador pode trazer ao plano estratégico.

«Nos últimos oito jogos fizemos isso. Não vejo se é o capitão do United [Bruno Fernandes], ou o jogador que marca a diferença no City [Bernardo]... São jogadores que estão comprometidos com a seleção. E depois há muitos detalhes, se jogamos em casa ou fora... são detalhes muito importantes. Precisamos de 15 jogadores por causa das cinco substituições e há mais oportunidades. Pela relação dos jogadores, vi que somos uma equipa e não um conjunto de jogadores estelares», frisou.

«Somos muito flexíveis. O futebol moderno precisa disso. E precisamos de adaptar-nos aos jogadores que temos. Se jogamos com o Rafael Leão, o melhor jogador do mundo para a ala esquerda, não precisamos de outro jogador que entre nesta zona», acrescentou.

Martínez abordou também o caso dos jovens Gonçalo Inácio e João Neves, que «estão a lutar por uma posição».

«O Gonçalo Inácio cresceu muito. O seu primeiro jogo e agora o último... É um jogador com uma experiência fora do normal para a sua idade», sublinhou.

«O João Neves trabalhou muito bem no Europeu sub-21 e cresceu mais rapidamente do que esperávamos. Aos 19 anos, ser o homem do jogo na Liga portuguesa contra o FC Porto, jogar na Liga dos Campeões, ganhar títulos com um papel importante na equipa é um momento que precisamos de utilizar. Nunca vi um jogador a promover tanto respeito no balneário de uma forma natural. Os jogadores gostaram muito da sua personalidade. Houve um respeito muito sincero e bom de ver. Agora tem uma dificuldade, como outros, porque há bons jogadores que pisam os mesmos terrenos. Cabe-lhe mostrar que quer e merece estar na seleção», afirmou ainda.