Fernando Santos, selecionador de Portugal, analisa a derrota frente à Holanda (0-3), em jogo particular disputado na cidade suíça de Genebra:

«É um resultado desnivelado, pesado, que nos deixa pouco agradados. A responsabilidade é minha, porque procurei uma solução de jogo em relação ao que tinha visto da Holanda, que na segunda parte com a Inglaterra tinha jogado em 5x3x2. Procurei equilíbrio no meio-campo. Até ao primeiro golo não estivemos mal, estivemos razoáveis. Controlámos o jogo, tivemos mais bola. Aí houve mérito da Holanda, que deu poucos espaços. Podíamos ter aproveitado aquilo que trabalhámos, pelo menos no papel, que eram os movimentos exteriores do Cristiano e as entradas do Bruno. Tivemos duas ou três situações em que podíamos ter feito melhor, mas essencialmente desequilibrámo-nos no momento da perda e na ação defensiva. O golo da Holanda nasce de um momento desses: tínhamos quatro jogadores para recuperar a bola e deixámos o adversário fazer o contra-ataque. Fomos pouco agressivos, e a partir daí o jogo complicou-se. A Holanda recuou mais, procurou sair mais em contra-ataque, sem dar espaços atrás. No processo ofensivo ainda tentámos, no processo defensivo tivemos sempre muita dificuldade. A responsabilidade é minha.»

«Na segunda parte a equipa mostrou outra forma de estar, foi mais equipa em todos os momentos do jogo. Logo nos primeiros minutos chegámos mais vezes à baliza adversária, até porque a recuperação de bola foi mais rápida. A equipa soube agrupar-se bem após a expulsão, não permitiu que a Holanda fizesse o que fez na primeira parte. Não me lembro de nenhuma situação deles, tirando agora no final, mas nós tivemos três ou quatro. Merecíamos um golo, mas parabéns à Holanda, e a responsabilidade é essencialmente do treinador.»

[sobre a estratégia inicial e as ilações individuais e coletivas] «Hoje testámos uma forma ligeiramente diferente, com um médio-avançado e não um avançado-médio. Embora jogando com dois jogadores no meio-campo que já jogaram muitas vezes juntos, o André e o Adrien. Mas tiro todas as ilações, quer da minha parte, no plano estratégico-tático, e também a evolução dos jogadores no próprio jogo.»

«Temos de tirar todas as ilações do jogo. Aquelas que o treinador encontra e que não correspondem ao que se pretende, e também no plano individual. É evidente. Estamos perto da convocatória e temos de tomar decisões. Mas é importante lembrar não só aquilo que não fizemos tão bem, mas também algumas coisas positivas. Podemos retirar sempre algo de positivo, nem que seja eliminando o negativo.»

[sobre a movimentações de Ronaldo para os flancos, sem André Silva na área para compensar…] «Tem muito a ver com as características do próprio jogador, tem muito essa tendência. Desbloquear um central podia ser importante, com o Bruno a entrar no espaço interior, algo que faz muito bem no Sporting. E ele procurou isso, três ou quatro vezes, mas não foi servido no momento certo. Foi uma estratégia que tentámos ver. Agora há que olhar bem para isto e tirar ilações.»