Fernando Santos não acordou satisfeito e fez questão de o referir aos jornalistas, durante um encontro informal que promoveu em Kratovo com a imprensa portuguesa. Disse que dormir com azia, mas que hoje já está melhor.

Ora na base desta insatisfação está o jogo menos conseguido da Seleção Nacional frente a Marrocos.

«Pelo que eu vejo nos treinos, pelo que eu vi nos jogos de preparação, a minha expetativa em relação às exibições da equipa era superior. Daí alguma surpresa quando não me aparece em campo o que vi frente à Bélgica, frente à Argélia, frente à Suíça ainda no apuramento. Se eu pudesse dizer que a equipa não está bem... Mas não posso dizer isso», referiu.

«Mesmo nos treinos a equipa está alegre e trabalha bem. Eu noto um ambiente fantástico, um ambiente ótimo no hotel, mas que depois não se reflete nos jogos. Se tiveres a cabeça limpa, as pernas correm mais. Ontem a dificuldade que nos foi criada nas disputas individuais fez com que não tivéssemos bola e disso desgastou-nos física e psicologicamente.»

Para Fernando Santos, de resto, o problema está no meio campo: a equipa não conseguiu ultrapassar a zona de pressão adversária, tanto no primeiro jogo com a Espanha como no último com Marrocos.

«Sempre que tirou a bola da zona de pressão, Portugal criou coisas. O problema está em tirar a bola da zona de pressão do adversário. Tanto a Espanha como Marrocos foram duas seleções que sempre que perderam a bola entraram imediatamente em situação de pressão», recordou.

«Mas Portugal tem talento, tem qualidade, por isso me surpreende que tenha dificuldades em sair da zona de pressão.»

No entanto, e apesar de estar zangado com o jogo de Portugal, Fernando Santos fez questão de lembrar que o mais importante foi conseguido: Portugal venceu o jogo e tem o apuramento para a próxima fase bem encaminhado.

«Que nota daria à seleção portuguesa? Em termos de resultados daria nota 7, em termos de exibições daria 6», referiu.

«Vocês conhecem-me bem, não estou satisfeito, mas se me perguntarem se eu assino por baixo uma vitória por 1-0 em todos os jogos, assino já. Ponham-me o papel que assino já.»

Até porque, diz, as exibições não têm sido também terríveis. Há coisas boas nos jogos de Portugal.

«É verdade que no Euro 2016, fomos a equipa que teve mais cantos, mais remates, mais livres, agora isso não está a acontecer, mas em compensação temos as melhores oportunidades de golo dos jogos.»