A Seleção Nacional de sub-19 parte nesta sexta-feira rumo à Alemanha para a disputa do Campeonato da Europa da categoria. A equipa orientada por Emílio Peixe vai ficar instalada em Estugarda e entra em campo na próxima segunda-feira.

O primeiro jogo realiza-se a 11 de julho, frente à Áustria. Alemanha e Itália são as restantes seleções no Grupo A, onde se encontra Portugal. No Grupo B estão França, Croácia, Holanda e Inglaterra.

A Espanha, detentora do troféu, é a grande ausente.

A qualificação para o Campeonato do Mundo de sub-20 é o grande objetivo desta Seleção. Apuram-se para esse o Mundial de 2017, na Coreia do Sul, os dois primeiros classificados de cada grupo e o vencedor de um play-off entre os dois terceiros classificados.

Asumah: do Gana ao Europeu sub-19, via Ermesinde

Estes são os dados gerais. Mas de onde veio e para onde vai esta geração do futebol português?

São nomes ainda pouco conhecidos, mas curiosamente, quase todos cresceram a par de Renato Sanches e Rúben Neves. Quase todos nascidos em 1997, tal como os médios que despontaram precocemente em Benfica e FC Porto. Renato já garantiu a transferência para o Bayern Munique e disputa o Euro2016.

«Temos dois jogadores que servem de inspiração para esta geração: Rúben Neves e Renato Sanches», reconhece Joaquim Milheiro, Coordenador Técnico Metodológico das seleções jovens, em conversa com o Maisfutebol.

Renato e Rúben queimaram etapas mas esta geração vai evoluindo de forma sustentada em torno da Identidade Portugal.

«Este processo teve início nos sub-15 e os jogadores chegam em média com 35 internacionalizações a este patamar. Mas não é um processo fechado. É um espaço aberto, e a prova é que teremos quatro jogadores novos no Europeu», salienta Joaquim Milheiro.

O Benfica está em clara maioria na lista final de Emílio Peixe, com 8 dos 18 convocados.

Eis os 18 jogadores convocados por Emílio Peixe:

Guarda-redes: Diogo Costa (FC Porto) e Pedro Silva (Sporting);

Defesas: Diogo Dalot (FC Porto), Yuri Ribeiro (Benfica), Francisco Ferreira (Benfica), Rúben Dias (Benfica), Pedro Pacheco (Basileia, Suíça);

Médios: Pedro Empis (Sporting), Gonçalo Rodrigues (Benfica), Pedro Rodrigues (Benfica), João Carvalho (Benfica), Bruno Almeida (Sp. Braga), Pedro Delgado (Inter Milão, Itália);

Avançados: Diogo Gonçalves (Benfica), Aurélio Buta (Benfica), Alexandre Silva (V. Guimarães), Almeida (Moreirense), Asumah Abubakar (Willem II, Holanda).

«As seleções nacionais vão continuar a afirmar-se»

Portugal tem reforçado a sua posição nas seleções jovens ao longo dos últimos anos. A presença em finais vai-se tornando habitual e é o reflexo de um trabalho de fundo. Em 2014, por exemplo, a Seleção chegou ao jogo decisivo do Europeu de sub-19, perdendo frente à Alemanha (1-0).

«As seleções nacionais vão continuar a afirmar-se no plano europeu e mundial mas as coisas não acontecem de forma espontânea, há um grande trabalho por trás», explica Joaquim Milheiro.

O Coordenador Técnico Metodológico das seleções jovens utiliza estes sub-19 como exemplo. Seleção sub-19: «Estes jogadores estiveram 275 dias em estágio, dos sub-15 aos sub-19. O espaço da seleção é sempre de desenvolvimento de competências, seja em estágios de preparação, seja em estágios competitivos.»

«Para chegar ao Europeu esta seleção fez 6 jogos, conseguiu 5 vitórias e 1 empate. Marcou 18 golos e apenas sofreu 2. O nosso objetivo é ter uma seleção que assuma o jogo, ofensivamente, mas que seja sólida no processo defensivo. Queremos que estes jovens façam um jogo que lhes traga felicidade e que liberte o seu potencial», acrescenta.

A geração de 1997 serve de base para esta Seleção mas há exceções. O guarda-redes Diogo Costa e o lateral Diogo Dalot (ambos do FC Porto) são de 1999 e campeões da Europa de sub-17 em maio.

«Diogo Dalot e Diogo Costa estão num patamar superior e isso torna-se mais fácil porque há uma harmonia e uma identidade transversal a todos os escalões. Tem sido desenvolvido um trabalho para uma aculturação precoce à identidade do que é Portugal. O desafio passa por harmonizar a linguagem e o pensamento em relação a identidade de jogo, de treino, de pensamento», diz Joaquim Milheiro.

Joaquim Milheiro nasceu em Santa Maria da Feira há 37 anos. Chegou à Federação Portuguesa de Futebol em 2010/11, integrando a equipa técnica de Ilídio Vale na inesquecível caminhada até à final do Campeonato do Mundo de sub-20.

Após uma breve passagem pelo Vaslui (Roménia) regressou à Federação. Atualmente, desempenha nas seleções jovens o papel que era de Ilídio Vale, após a passagem deste para a Seleção A.

«Essa época 2010/11 foi o início desta evolução. Tive a felicidade de trabalhar com nomes como Cédric Soares, Danilo Pereira, André Gomes, João Mário ou Renato Sanches. Felizmente, a criação das equipas B permitiu uma transição mais sólida e significativa para jogadores de excelência que precisavam de oportunidades num patamar competitivo mais elevado», remata Joaquim Milheiro.