A Seleção Nacional joga esta quarta-feira, a partir das 15 horas, no Estádio Luzhniki: nada mais nada menos do que o recinto da competição, o palco da abertura e da final deste Mundial 2018.

Trata-se do primeiro jogo que Portugal faz neste estádio após a reformulação para o Campeonato do Mundo: o Luzhniki ficou de fora da Taça das Confederações, em 2017, por não estar pronto.

Ora que estádio é este, afinal?

Muito resumidamente é o herdeiro da grande fortaleza desportiva da União Soviética.

Construída em cerca de 450 dias, entre 1955 e 1956, foi inicialmente chamado de Grande Arena de Lenine, em honra do ideólogo da revolução soviética.

Na ressaca de uma participação brilhante da União Soviética nos Jogos Olímpicos de Helsínquia, em 1952, durante a qual ganharam mais de 70 medalhadas, Estaline decidiu que era necessário construir um grande parque olímpico para os atletas poderem preparar-se da melhor forma.

Nesse sentido foi construído todo o complexo desportivo de Luzhniki, na altura com o nome de Lenine, embora o estádio só tenha começado a ser edificado após a morte de Estaline.

Mais tarde foi alterado o nome, após o fim do regime, tendo então recebido a denominação de Estádio Luzhniki: um batismo que vai buscar o nome à zona, assim conhecida porque tinha muitas inundações provocadas pelas águas do Rio Moscovo, que passa mesmo ao lado do recinto.

Refira-se aliás que estas inundações – luzhas, em russo – obrigaram os engenheiros a subir o nível do chão de toda a área em meio metro, através de uma obra de engenharia que drenava a água e evitava que as inundações se infiltrassem nos alicerces de todo o complexo olímpico.

Ora o estádio foi a casa da seleção soviética de futebol e das várias representações soviéticas no atletismo, tornando o Luzhniki numa espécie de estádio nacional. O recinto foi também escolhido para receber os Jogos Olímpicos de 1980, que ficaram marcados pelo boicote norte-americano.

Mais tarde foi também neste recinto que aconteceu a maior tragédia do futebol soviético, quando 66 pessoas morreram esmagadas ao descer a escadaria para chegar mais depressa ao metro, ainda minutos antes do final do jogo entre o Spartak Moscovo e os holandeses do Haarlem, em 1982.

Já em 2008, recebeu a final da Liga dos Campeões entre o Manchester United e o Chelsea, que os Red Devils venceram. Naquele que foi, aliás, um ano dourado para Cristiano Ronaldo, que acabaria por receber a primeira Bola de Ouro da carreira.

Durante estes mais de 60 anos de vida, o Estádio Luzhniki foi alvo de várias reestruturações, a última das quais agora, para o Mundial 2018. As obras começaram em 2013 e acabaram em 2016, tendo permitido a construção de um recinto completamente novo por dentro, mas mantendo a fachada original: uma fachada feita ao jeito dos anos 50, com enormes pilares, e que é já uma das marcas arquitetónicas de Moscovo. Daí ter sido decidido manter toda a fachada que circula o estádio.

Para além de esteticamente marcante, o recinto também recebeu eventos que marcaram a história do país após o fim do regime comunista, particularmente os concertos de Michael Jackson, Madona e Rolling Stones, no início dos anos noventa.

Refira-se por fim que o Estádio Luzhniki chegou a ter capacidade para 103 mil pessoas. Com as várias obras de renovação a capacidade do recinto foi baixando, até chegar aos atuais 79 mil. Mesmo assim um dos maiores recintos europeus.