E agora uma boa notícia para Fernando Santos: as dores de cabeça são capazes de diminuir depois desta noite. Pelo menos é seguro que terá menos preocupações.

Se o jogo com a Arábia Saudita trouxe a notícia que Portugal tinha muitas opções para lá das habituais, o que prometia baralhar as contas do selecionador, este jogo com os Estados Unidos terá servido para devolver tudo ao ponto inicial: os melhores já o treinador os conhece bem.

Há, no entanto, uma preocupação que esta noite agudizou: os centrais.

É verdade que Portugal tem quatro jogadores fixos para essa posição, e pelo menos para o futuro imediato a coisa está assegurada. Mas é verdade também o mais novo dos centrais tem 29 anos e todos os outros têm acima de 33. É preciso encontrar alternativas e elas não aparecem.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

O treinador lançou esta noite Ricardo Ferreira, por exemplo, mas o central do Sp. Braga falhou redondamente. Falhou duas vezes no golo dos Estados Unidos e voltou a falhar na segunda parte, numa jogada que só não deu golo porque Beto fez uma defesa absolutamente formidável.

Não será por aqui, portanto.

Para lá desta pequena certeza, ficam muitas dúvidas em relação a boa parte dos jogadores que fizeram este jogo e que não conseguiram ser superiores a uma muito jovem seleção americana.

Portugal entrou mal na primeira parte, muito mal aliás, desconcentrada e alheia ao jogo. Falhou vários passes, teve dificuldades em sair e não conseguiu imprimir criatividade no ataque.

Por isso os Estados Unidos adiantaram-se no marcador e muito justamente.

O que foi um sinal de que era preciso mais. Curiosamente depois disso Portugal melhorou, muito por causa da capacidade física, da intensidade e do vigor de Danilo e Manuel Fernandes, dois jogadores que aos poucos foram empurrando Portugal para a frente.

Danilo e Manuel Fernandes que, obviamente, saíram deste teste com nota positiva. O primeiro tem pouco a mostrar, o segundo pelo contrário tem tudo a mostrar e tratou de o fazer nesta oportunidade.

Continua a ter aquele problema de concentrar muito o jogo nele, querendo fazer sempre a diferença mesmo quando se impõe soltar a bola na opção mais fácil, mas para lá disso tem muitos pormenores interessantes: fisicamente é muito forte, protege bem a bola e tem uma grande capacidade de comer linhas em posse, empurrando a equipa para a frente.

Para lá destes dois jogadores, é preciso também destacar Beto, que fez uma excelente exibição, a mostrar que merece muito o terceiro lugar de guarda-redes, e Antunes, que apoiou bem o ataque, fez um golo e ficou muito perto de fazer outro. O lateral esquerdo reclama mais atenção, sem dúvida.

Ora o golo de Antunes, voltando ao filme do jogo, nasceu um pouco por acaso, mas tranquilizou a equipa, que acabou a primeira parte por cima, embora sem criar jogadas claras de golo.

Na segunda parte, porém, Portugal voltou a entrar muito mal e só três defesas de Beto evitaram o segundo golo dos Estados Unidos. O que obrigou Fernando Santos a reagir.

Destaques: Manuel Fernandes a mostrar-se e Beto a agarrar um lugar

O treinador lançou então Bernardo Silva, depois de já ter lançado João Mário, Portugal ganhou capacidade técnica e inteligência, voltou a crescer no jogo e pelo menos aguentou o empate até ao fim. O que permitiu também promover as estreias de Gonçalo Paciência e Rony Lopes.

Em dois jogos, portanto, o selecionador lançou mais sete internacionais: Edgar Ié, Kevin Rodrigues, Bruma, Bruno Fernandes, Ricardo Ferreira, Gonçalo Paciência e Rony Lopes. Só José Sá não teve essa felicidade: é o único jogador que sai deste estágio sem ser internacional.

Ora Portugal aguentou o empate até ao fim, como se dizia, o que não é grande coisa, mas é qualquer coisa: durante vários minutos esta noite pareceu não o merecer.

O que diz tudo sobre esta exibição da seleção: foi uma aspirina para Fernando Santos.