A FIGURA: Bernardo Silva

Explorou essencialmente terrenos interiores, sendo quase sempre o elemento que mais próximo de André Silva. Criou muitos desequilíbrios e foi dele a melhor ocasião dos primeiros 45 minutos, quando viu um remate ser desviado em cima da linha de golo por um homem de Itália. Mais tarde, aos 54’, foi Donnarumma a negar-lhe as intenções com a defesa da noite. Após o golo de Portugal, e com a Itália a procurar ter mais bola, beneficiou de mais espaço e abriu o livro, levantando várias o público das cadeiras com passes de rutura e arrancadas com a bola colada ao pé esquerdo. Soberbo neste regresso à Luz.

 

O MOMENTO: André Silva dá corpo à superioridade lusa (MINUTO 48)

O domínio de jogo de Portugal nunca chegou a ser avassalador, mas a equipa das quinas já justificava ao intervalo a vantagem no marcador. Chegou aos 48 minutos, quando William e Bruma ganharam a meias uma bola na zona do meio-campo e o extremo do Leipzig arrancou para servir André Silva. O avançado cedido pelo Milan ao Sevilha controlou a bola, ajeitou para o pé esquerdo e atirou cruzado para bater o antigo companheiro Donnarumma.

 

OUTROS DESTAQUES

Rúben Neves: apresenta, aos 21 anos, uma maturidade acima da média. Comportamento irrepreensível no processo de construção, com boas decisões no capítulo do passe e um conhecimento supremo dos momentos do jogo. Forma uma dupla interessante com William Carvalho, também ele em excelente plano nesta segunda-feira.

Bruma: foi muito solicitado pelos companheiros. Embrulhou-se muitas vezes, pareceu faltar-lhe a confiança habitual no drible e raramente definiu bem no último terço, à exceção do lance que originou o golo apontado por André Silva, quando recuperou a bola na zona do meio-campo e saiu em velocidade para o ataque antes de colocar rasteiro no coração da área.

Pepe e Rúben Dias: controlaram com extrema competência as movimentações dos homens mais adiantados da Itália, mostrando apenas dificuldades esporádicas para controlar Zaza. Um com 35 anos e internacional 101 vezes; outro com 21 e a consolidar-se na equipa de Fernando Santos. Há um mundo de experiência de os separa, mas estão a dar certo.

João Cancelo: menos exuberante no plano ofensivo do que na passada quinta-feira diante da Croácia, mostrou solidez nas missões defensivas. Agarrou firmemente as oportunidades que Fernando Santos lhe deu nestes dois jogos e pode ter ganho a corrida pela titularidade num lugar onde há um punhado de pretendentes de muita qualidade.

Zaza: o elemento mais inconformado do ataque transalpino. Possante e incansável, foi um osso duro de roer para Pepe e Rúben Dias, conseguindo romper uma ou outra vez em força para provocar alguns calafrios. Aos 78 minutos dispôs de uma boa oportunidade para empatar, com um cabeceamento que passou por cima da barra de Patrício.

Donnarumma: algo está mal em Itália quando tem no guarda-redes um dos melhores elementos em campo num jogo que acaba por perder. Andou aos papéis num lance em que Bernardo Silva esteve perto do golo, mas fez duas defesas monstruosas (Bernardo Silva, 54’; Renato Sanches, 86’) que impediram que Portugal construísse na Luz um resultado mais volumoso que, no fundo, espelharia melhor o que se passou durante os 90 minutos.