Rui Jorge não esconde as dificuldades sentidas para elaborar a convocatória para os Jogos Olímpicos, uma vez que os clubes não estão obrigados a ceder os jogadores.

«Tem sido surreal fazer esta convocatória. Extremamente difícil. Há uma série de fatores a ultrapassar. Há cerca de quarenta minutos recebemos um telefonema que nos retirou um jogador que estava confirmado. Não tivemos tempo para confirmar outro e por isso decidimos apresentar a lista assim», revelou o selecionador, assumindo mais tarde que se tratava de um defesa, embora sem revelar o nome.

«Claro que é a lista possível e não a desejada», resume Rui Jorge. «Quando escolhemos 35 jogadores, escolhemos dentro daquilo que seria o ideal trazer. Atendendo às negas que levámos, por parte de alguns clubes, apenas conseguimos 11 jogadores. Logo aí ficámos limitados. Fomos à procura de soluções e escolhemos outros oito jogadores que foram negados. Não seria inteligente nem verdadeiro dizer que é a convocatória ideal», respondeu.

A equipa técnica da seleção olímpica até planeava acompanhar o trabalho dos jogadores convocados na pré-época dos respetivos clubes, mas tal não foi possível. «Quando não sabemos sequer quem podemos convocar, isso cai por terra. Não sabemos como vão chegar os jogadores, mas vamos trabalhar esse aspeto, e procurar a melhor preparação possível», lamentou.

Questionado sobre o que deveria mudar, Rui Jorge lembrou que é a «não obrigatoriedade de ceder os jogadores que leva a que isto aconteça». «Sem querer entrar na lei de bases da atividade física. Na forma como a lemos ou na relevância que queremos dar. A não obrigatoriedade leva a que isto aconteça. Não existindo outra regulamentação interna, isto pode acontecer», sustentou.

Lamentos à parte, Rui Jorge não aponta o dedo aos clubes. «Estou aqui na pele de selecionador. Percebo perfeitamente a posição dos treinadores. As justificações são variadas. Com umas posso concordar, com outras não, mas percebo a posição deles. Tive uma conversa com todos eles, de extrema simpatia. Um até me pagou o almoço. Mas eu percebo o lado deles, nada a dizer em relação a isso. Eles tomam a decisão da melhor forma para as suas equipas. Devemos respeitá-las, sabendo que, quando está do nosso lado, também podemos mostrar intransigência em algumas situações», afirmou.

«Gosto de ouvir um presidente, no caso o do Belenenses, dizer para pegarmos nos jogadores que quisermos», acrescentou Rui Jorge, antes de ser confrontado com a ausência de jogadores do Benfica: «Entendeu que não podia ceder, e eu entendo. Têm a Supertaça, o plantel não está fechado. Eu, eventualmente, faria a mesma coisa», acrescentou.