(artigo atualizado às 19h15)

A seleção portuguesa de sub-19 voltou a não ser feliz numa final de um Europeu da categoria. Os comandados de Hélio Sousa caíram na final de Gori, Geórgia, aos pés da Inglaterra por 2-1.

Com mais bola no período inicial do encontro, Portugal conseguiu limitar ao máximo o processo de construção da congénere inglesa.

FILME DO JOGO

Poderio lusitano ou domínio consentido? Aos poucos, a segunda opção foi ganhando força. Com as linhas baixas, a Inglaterra apostava nos contra-ataques rápidos potenciados pela subida das linhas portuguesas e pelo pouco acerto dos comandados de Hélio Sousa na circulação de bola no meio-campo adversário.

Os primeiros 20 minutos de jogo assemelharam-se a um jogo de xadrez entre dois adversários que se respeitam: contemplativos e hesitantes.

Um guião rasgado pouco antes da meia hora de jogo por uma Inglaterra que se soltou para 15 minutos de muita pressão. Vulnerável aos contra-ataques venenosos, Portugal baixou no terreno e permitiu aos ingleses que começassem a ter aquilo que lhes tinha faltado anteriormente: posse de bola no meio-campo ofensivo. Juntaram, no fundo, o melhor de dois mundos: posse e velocidade na circulação, permitindo abrir brechas na defesa nacional.

Com um misto de sorte e capacidade de sofrimento, Portugal segurou o 0-0 ao intervalo, mas a seleção inglesa chegou à vantagem pouco depois do reatamento. Suliman foi mais expedito do que todos e não desperdiçou uma recarga a um livre devolvido pelo poste esquerdo.

Exigia-se a Portugal uma reação à altura que acabou por chegar. Um minuto depois de Mesaque Dju ter falhado a centímetros da linha de golo, o lateral direito inglês Sterling marcou na própria baliza quando tentava afastar um cruzamento.

A equipa das quinas enchia-se de fé e esvaziava o ímpeto dos ingleses, que pareciam vacilar pela primeira vez no jogo. Portugal cresceu e esteve perto das estrelas por duas vezes num espaço de segundos: primeiro por Rui Pedro; depois por Abdu Conté.

Mas a sorte que bafejou Portugal no golo do empate virou-lhe as costas logo a seguir. Tirou-lhe o tapete do chão e pôs-se ao lado de Inglaterra. Aos 70 minutos um erro de João Queirós quando a equipa das quinas começava a organizar-se para sair para o ataque abriu uma cratera na defesa nacional. Mount desequilibrou e tocou para Nmecha, que só precisou de encostar em zona frontal.

Com o relógio a aproximar-se do fim, restava a Portugal arriscar tudo. Hélio Sousa arriscou. Abdicou dos alicerces que sustentam a casa e teve de construir o edifício por cima. À pressa.

Os onze em campo deixaram a pele nos últimos minutos, alguns deles com a Inglaterra reduzida a dez e entrincheirada na zona defensiva. Não faltou alma, faltou discernimento. Mas seria justo pedir isso naquela altura?

Portugal continua à procura de voltar a ser feliz no Europeu de sub-19, prova que nunca venceu desde a adoção do novo formato em 2002. Mas, mais importante do que isso, são os sinais positivos dados por esta geração de Hélio Sousa para o futuro.

Contem com eles!