Pouco mais de um mês depois da conquista histórica do Europeu de sub-19, na Finlândia, o Maisfutebol foi perceber o que anda a fazer a equipa orientada por Hélio Sousa, já de olhos postos no Mundial de sub-20 que no próximo ano se realiza na Polónia, o qual a seleção das Quinas chega com toda a expectativa – e pressão, diga-se – trazida pela conquista do título europeu.

Quarenta dias volvidos sobre a vitória diante da Itália na emotiva final do Europeu, a equipa de Hélio Sousa aparenta uma razoável maturidade defensiva que pouco terá a ver com o «crescimento» dos sub-19 para os sub-20.

Apesar de ter defrontado uma Holanda que não marcou presença na fase final do Europeu disputado na Finlândia, essa é a principal ideia que fica da partida realizada nesta quinta-feira no Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril.

Defesa com tratamento de Chong

E se é pela retaguarda que se começa a construir uma equipa campeã, Hélio Sousa parece ter aqui uma boa base onde se apoiar. Thierry Correia, David Carmo Romain Correia e Rúben Vinagre, sempre apoiados de perto pelo incansável Florentino e pela segurança transmitida pelo guarda-redes Luís Maximiano.

E se é verdade que na primeira parte a equipa portuguesa até passou mais tempo a atacar do que a defender, não se pode dizer que o setor recuado português tenha tido uma tarde descansada. É que do outro lado do campo estava um jogador que promete muito e que mostrou frente a Portugal o porquê de estar há três anos a trabalhar no Manchester United.

Tahith deu um verdadeiro tratamento de Chong – choque, aliás – à defesa lusa. Que o diga Rúben Vinagre, o jogador desta seleção que tem maior experiência ao mais alto nível – já se estreou na Premier League pelo Wolverhampton de Nuno Espírito Santo – e que foi quem lidou mais de perto com as arrancadas imprevisíveis do jogador nascido em Curaçau.

 O melhor exemplo disso aconteceu aos 41 minutos. Chong progrediu pela direita do ataque, ultrapassou Vinagre e cruzou para o remate de calcanhar de Kaj Sierhuis – ponta de lança que começa a aparecer na equipa principal do Ajax, adversário do Benfica na Liga dos Campeões – com a bola a ficar entre Luís Maximiano e o poste da baliza.

Faltou um Jota para escrever mais vezes perigo

Se as coisas atrás parecem estar bem compostas para esta seleção, em termos ofensivos pareceu sempre faltar qualquer coisa no confronto com a Holanda. E isso nota-se mais porque não será certamente por falta de rotinas que Portugal não criou perigo mais vezes.

Aliás, da equipa que iniciou a partida desta quinta-feira, apenas Filipe Soares, médio formado no Benfica e que esta época se tem mostrado em bom plano na equipa do Estoril, na II Liga, não esteve na Finlândia.

A jogar «em casa», Soares surgiu no meio-campo a dividir com Domingos Quina a construção ofensiva da equipa de Hélio Sousa, que tentava chegar ao golo com Trincão, Elves Baldé e José Gomes.

Ou seja, era notória uma ausência de peso, relativamente à equipa que se sagrou campeão da Europa: João Filipe, ou Jota que, com Trincão, se sagrou melhor marcador do Europeu.

E sem o rasgo individual do jogador que nesta jornada internacional subiu aos sub-21, o caminho para a baliza holandesa pareceu sempre demasiado complicado.

Além de duas iniciativas de de Domingos Quina a quem faltou definir melhor no último momento, a melhor oportunidade para Portugal foi desperdiçada por Trincão, aos 57 minutos, num contra-ataque em que o jogador que pertence ao Sp. Braga ultrapassou a defesa holandesa em velocidade, mas depois rematou à figura de Marten Paes.

Mas há ainda uma boa notícia sobre esta equipa de Hélio Sousa: a coesão de qualidade do grupo. Apesar das muitas substituições feitas na segunda parte do jogo, o futebol da equipa não se ressentiu.

Quase todos os jogadores lidam bem com a bola e não têm medo de a ter. Há poucas falhas individuais que possam colocar em causa o coletivo. E isso é manifestamente positivo numa equipa que ainda está em crescimento. E que tem muito por onde crescer.

Ficha de jogo:

Equipas:

Portugal: Luís Maximiano, Thierry Correia, Romain Correia, David Carmo, Rúben Vinagre, Florentino Luís, Trincão, Filipe Soares, Domingos Quina, Elves Baldé e José Gomes.

Jogaram ainda: Nuno Santos, Pedro Correia, Pedro Neto, Mesaque Dju, Francisco Moura, Nuno Henrique e Miguel Luís.

Treinador: Hélio Sousa.

Holanda: Marten Paes, Zeefuik, Schuurs, Malacia, Deroy Duarte, Chong, Harraoui, Dany De Wit, Sierhuis, Obispo e Kadioglu.

Jogaram ainda: Gakpo, Dilrosun, Vente e Teze.

Treinador: Bert Konterman.