A campanha quase perfeita que Portugal está a fazer na qualificação para o Euro 2024 tem destaques óbvios. Tem também uma nova opção, João Neves, que foi o segundo jogador a estrear-se com Roberto Martínez e elevou para 27 o número de utilizados pelo selecionador. Com o apuramento já assegurado, os próximos jogos até podem dar alguma margem para mais experiências, mas Martínez já tem boa parte do grupo consolidado.

A primeira referência que se impõe na qualificação é Bruno Fernandes. O médio do Manchester United assumiu-se nesta campanha como o jogador mais influente da seleção, uma afirmação que se traduz em campo e também nos números: tem cinco golos marcados e oito assistências e é aliás de longe o jogador com mais passes para golo entre todos os que disputam a qualificação para o Europeu. É um de dois jogadores que foram titulares em todos os jogos da seleção nacional na corrida ao Euro 2024 – o outro é Rúben Dias, o único que jogou todos os minutos da campanha de Portugal até aqui.

E há, ainda e sempre, Cristiano Ronaldo, a máquina goleadora que tem uns incríveis nove golos em sete jogos e é em absoluto o segundo melhor marcador da qualificação, a um golo do belga Lukaku. É também, apesar de ter falhado um jogo por castigo, o terceiro jogador com mais minutos na campanha de Portugal.

Bernardo Silva também foi titular em todos os jogos até esta segunda-feira, quando ficou no banco frente à Bósnia, enquanto João Cancelo jogou igualmente de início em sete das oito partidas com Roberto Martínez no banco. Apesar da rotatividade que promoveu em jogos como a goleada ao Luxemburgo ou agora frente à Bósnia e que reforçou a ideia da profundidade de opções disponíveis, o selecionador tem de resto um núcleo duro claro, com os 11 jogadores mais utilizados a jogarem 73 por cento dos minutos possíveis.

Os jogadores utilizados na qualificação para o Euro 2024

Martínez tem, sobretudo, um grupo base bem definido. Ao longo de oito jogos e quatro convocatórias, o selecionador nacional já convocou 33 jogadores. Desses, 20 estiveram em todas as convocatórias: além dos guarda-redes Diogo Costa, Rui Patrício e José Sá, os totalistas nas escolhas do treinador são Rúben Dias, Diogo Dalot, Cancelo, António Silva, Gonçalo Inácio, Danilo, Palhinha, Ruben Neves, Otávio, Vitinha, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo, Diogo Jota, Gonçalo Ramos, João Félix e Rafael Leão.

Desde que chegou, Martínez promoveu apenas duas estreias: Gonçalo Inácio, que vai reforçando argumentos a cada jogo, e agora João Neves. Alguns dos jogadores que o treinador espanhol convocou não chegaram a ser utilizados. Foi assim com Diogo Leite, Matheus Nunes e Renato Sanches, que estiveram apenas numa convocatória, mas também Toti Gomes, que foi chamado por três vezes sem ter sido ainda opção. Além do guarda-redes José Sá e do caso particular de Celton Biai, internacional sub-21 chamado para os primeiros dois jogos face à lesão de Diogo Costa e que foi entretanto convocado para a seleção da Guiné Bissau. E pelo meio houve uma «desistência» - João Mário, que entrou em cima dos 90 minutos na partida de estreia de Martínez, frente ao Liechtenstein, renunciou entretanto à seleção.

Além dos jogadores que estiveram em todas as convocatórias, há outros que passaram a ser presença regular nas listas de Martínez, como Nelson Semedo e Ricardo Horta. E a estes há que juntar jogadores que deverão ser opção se estiverem aptos fisicamente, como Pepe e Raphael Guerreiro. Ou Nuno Mendes, neste caso com mais dúvidas face à inatividade prolongada por lesão do lateral do PSG.

Contas feitas, já vamos para lá de 23 jogadores, sem contar com eventuais novas chamadas. O que reforça a ideia que Martínez tem repetido, quando diz que a porta da seleção está aberta, mas não é fácil entrar. E que a sua grande dor de cabeça será elaborar a lista para o Europeu.