1. A vergonha. É óbvia, semelhante à do Mundial 2002, embora com menor repercussão. Não tanto por ver Portugal cair na primeira fase perante equipas de terceira, apenas pelo flagrante desrespeito pela camisola nacional evidenciado pela selecção olímpica.
2. Atitude. José Romão pode arranjar as desculpas que entender, a Federação pode meter a cabeça na areia, mas a principal explicação para o falhanço grosseiro nos Jogos Olímpicos começou na atitude dos jogadores. O treinador foi incapaz de lhes explicar o que significa participar nas Olimpíadas e isso tornou-se particularmente chocante logo na partida com o Iraque. As agressões, as entradas duras sem justificação e o ar sobranceiro da maioria dos futebolistas portugueses foram desculpados pelo treinador, quando se exigia uma punição severa e um público pedido de desculpas ao adversário e aos portugueses. Neste plano, o final do jogo com a Costa Rica foi a demonstração última de que este grupo não merecia estar ali.
3. O treinador. Vamos dizê-lo de uma forma clara: nada no currículo de José Romão o recomenda para o lugar. Isso nota-se menos na selecção de sub-21, quase sempre empenhada apenas em jogos de apuramento, mas é evidente numa prova assim. O grau de exigência sobe e o treinador é o primeiro a falhar. Raramente treinou jogadores de nível, nunca lutou por títulos, não se lhe conhece uma ideia marcante, é difícil perceber o que diz, enfim, José Romão é a imagem do português com mais sorte do que mérito. Desta vez enganou-se de mais.
4. Os equívocos. Se tinha pouco tempo de trabalho, por que razão optou por uma defesa com três centrais, sistema raramente utilizado pelos portugueses? Se os jogadores estão pouco rodados, por que motivo apostou na velocidade dos laterais? Se os adversários eram mais frágeis, por que não assumiu sempre o comando do jogo, em vez de apostar num meio-campo sem imaginação e com excessivos jogadores defensivos? Se a equipa dava mostras de falta de ritmo por que não fez jogar durante mais tempo um jogador vivo como Lourenço? A tudo isto somou Romão substituições quase sempre erradas.
5. Cristiano Ronaldo. Sejamos claros: ao convocá-lo para Atenas a Federação demonstrou apenas vontade de ganhar, nenhuma sensibilidade pela formação do extremo do Manchester United. Cristiano é um jogador de escassa maturidade e depois do excelente Europeu que realizou e de todas as capas de jornais e (sobretudo) revistas era duvidoso que compreendesse o seu papel nos Jogos Olímpicos. Para Cristiano Ronaldo o melhor teria sido regressar à disciplina de Alex Ferguson. Para a selecção, viu-se, também.
6. Futuro. Exceptuando Ronaldo e os mais velhos, esta selecção é constituída, na sua maioria, por jogadores emprestados pelos grandes ou suplentes nos seus clubes. Não é grave, claro, porque todos são jovens. Mas é altura de perceberem que o período de paciência terminou ali. Para todos eles, este é o momento de fazer pela vida.