Luís Figo admite que o Real Madrid vai beneficiar do seu afastamento da selecção portuguesa. O português, que apresentou a saída como uma pausa, não fechando a porta ao regresso, congratula-se ainda com o facto de Portugal não ter atribuído o seu número 7 a outro jogador.
«Faz-me maior, não?», brinca Figo, na resposta à primeira pergunta de uma entrevista ao desportivo As, em que o jornalista compara a retirada do nº 7 de Portugal ao que os Chicago Bulls fizeram com o 23 de Michael Jordan. Scolari anunciou, recorde-se, que Portugal não usará os números 7 e 10 (de Rui Costa) durante a campanha do Mundial 2006. «É um pormenor por todos os meus anos no futebol de selecções, por todos os meus jogos. É um gesto muito bonito, mas se não tivesse ocorrido a vida continuaria como até agora. O importante é o futuro da selecção portuguesa», comenta Figo.
Quando questionado sobre o que ganha o Real Madrid por Figo ter deixado a selecção, o português fala no desgaste que evita: «Poupo viagens, deslocações, energia em todos esses jogos que há durante o ano e os minutos de jogo que se acumulam. É isso que o Real Madrid ganhará, o que significará que poderei concentrar-me muito mais no meu trabalho e preparar-me melhor para cada encontro do que quando há compromissos da selecção.»
Elogiado pelo jornalista como o melhor jogador «merengue» da última época e em excelente forma no início desta temporada, Figo defende ainda que não tem mais nada a provar no Real Madrid, embora tenha que demonstrar o seu valor diariamente, e remete novidades sobre o seu futuro para mais tarde.
Figo fala ainda de Camacho e do Real Madrid, para defender que o seu clube tem um plantel melhor que o Barcelona, apesar de os catalães se terem reforçado muito. Figo deixa ainda elogios para o novo treinador, defendendo que exige muito em termos de treino e obriga os jogadores a manter «sempre a mentalidade de ganhar».
Por fim, evita alimentar a polémica sobre a contratação de Michael Owen. «A minha opinião é que quanto mais gente de qualidade houver melhor», defende Figo, embora elogie também as qualidades do capitão Raul, não só pelos golos mas pelo trabalho de equipa que muitas vezes permanece «oculto».