Perder com o Iraque, na abertura do torneio olímpico, foi a forma que o futebol português arranjou para continuar a espantar o Mundo.
Depois do segundo lugar no Euro, uma derrota humilhante frente ao Iraque. Até podia ser o nosso simpático contributo para a reconstrução de um país em guerra, mas quem viu sabe que não foi nada disso.
Aliás, Portugal foi tudo menos simpático. Primeiro as agressões, estúpidas como só elas, depois os constantes tiques de vedeta, o levantar de braços de quem parecia estar ali a fazer um frete e a atitude, meu deus, a atitude que envergonha.
Impossível não sentir vergonha ao ver a selecção olímpica portuguesa em campo, impossível não sentir, a cada imagem de José Romão, que só podia ser assim. Aquele era o estilo de jogo que Portugal só venceria com muita sorte. Porque o adversário era desconhecido, porque vinha de um país coitadinho, porque, enfim, depois do Euro os portugueses acham que têm o melhor do mundo.
Primeiro de muitos erros: «nós» não temos o Ronaldo. Ele andou lá, de facto, mas tê-lo visto assim, enredado em fintas erráticas, agressivo e impertinente foi momento perfeitamente dispensável. Aliás, nesta questão Carlos Queiroz tem toda a razão: o lugar de Cristiano Ronaldo era no Manchester e não em mais um estágio.
Não sei se a polémica entre Queiroz e Romão afectou muito, pouco ou nada o rendimento da equipa, mas é seguro que nesta caso se alguém abusa é a Federação. Ronaldo foi utilizado, e bem, no Euro 2004, voltar a convocá-lo para uma grande competição é tudo menos útil para a sua formação. Até porque, como se viu, Ronaldo dá toda a ideia de achar que já se sente um pouco «a mais» num torneio de futebol olímpico sempre pouco prestigiado.
Claro que agora a selecção vai corar de vergonha e poderá perfeitamente ganhar os jogos que se seguem e apurar-se. Mas nada apagará a vergonha que foi o primeiro jogo na Grécia. Muito menos os erros sucessivos de José Romão, provavelmente o treinador com mais sorte em Portugal: tem ouro nas mãos e ninguém sabe muito bem o que fez para o merecer.
Esta quinta-feira Romão errou em tudo: ao não conseguir explicar à equipa o que é a camisola nacional, ao não retirar de campo Cristiano Ronaldo depois do amarelo que era vermelho, nas substituições (retirar Meira e Bosingwa e deixar Bruno Alves, Ricardo Costa e Frechaut só pode ser brincadeira), até na patética declaração ao enviado-especial da RTP, no final do jogo, recitando o nome dos jogadores do Iraque. Pelos vistos só não sabia quem eram os portugueses...