A seleção mexicana apurou-se para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo de 2014 com sete pontos no Grupo A. La Tri bateu Camarões e Croácia, empatando pelo caminho com o Brasil, primeiro classificado graças à vantagem no goal average.

Guillermo Ochoa e Hector Herrera, médio do FC Porto, exibiram-se a grande nível ao longo da fase de grupos mas não conseguiram superar o brilhantismo da melhor personagem deste Mundial: o selecionador Miguel Herrera.

O carisma de Miguel (sem qualquer ligação familiar com Hector) fez disparar os índices de popularidade do treinador ao longo dos últimos meses. Fenómeno das redes sociais, com dezenas de ‘selfies’ divertidas e descomplexadas, o selecionador destaca-se igualmente pelas reações intempestivas após cada golo marcado ou cada decisão polémica das equipas de arbitragem.

Por estes dias, Miguel Herrera tenta desfrutar em pleno do Campeonato do Mundo, vinte anos após uma oportunidade semelhante lhe ter sido negada, então como jogador. Nessa altura, o defesa representava o Atlante e tinha sido uma unidade importante na Copa América de 1993. Porém, ficou na lista de reserva para o Mundial de 1994 nos Estados Unidos.



A relação com Mejia Baron, o selecionador nesse período, esfriou. Depois de Miguel Herrera assumiu o cargo, em outubro de 2013, Mejia tornou-se um dos seus maiores críticos na esfera pública.

Herrera resistiu à contestação. Tinha – e tem, cada vez mais – bons níveis de confiança, suficientes para esquecer alguns episódios menos felizes na sua carreira como jogador. Fica este exemplo, no tal ano de 1994, em que respondeu com violência a uma provocação.



Hoje em dia, multiplicam-se os sorrisos e os elogios. Miguel Herrera conquista a plateia internacional e não controla os seus impulsos. Quando o México selou o apuramento para a próxima fase do Mundial, o treinador festejou com exuberância. Aqui está ele, algures pelo relvado, abraçado a um dos seus jogadores.



Nascido em Hidalgo há 46 anos, Miguel Ernesto Herrera Aguirre representou quatro clubes enquanto jogador (sobretudo o Atlante) e cinco como treinador, sem nunca abandonar o seu país. Entre 1993 e 1994, somou 13 internacionalizações pelo México.

Técnico com boa reputação no futebol local, Herrera teria a sua grande oportunidade em 2011, ao assumir o comando do América. Viria a vencer o Torneo Clausura dois anos mais tarde, numa final dramática com o Cruz Azul. Por essa altura, os seus festejos já eram uma imagem de marca.



A seleção mexicana chamaria por si meses mais tarde, numa altura conturbada. El Tri tinha a presença no Campeonato do Mundo em risco. Porém, superou a Nova Zelândia no play-off, com Miguel Herrera, e carimbou o passaporte para o Brasil.

O treinador tem optado por uma abertura pouco habitual, divulgando os seus encontros com jogadores e promovendo uma cultura de proximidade que convenceu os adeptos mais céticos.

Durante uma tornée europeia, para visitar os internacionais mexicanos, Miguel Herrera esteve no Porto à conversa com Diego Reyes e Hector Herrera.


Entretanto, o selecionador divulgou a sua lista final e fez questão de tirar uma fotografia de grupo onde a boa disposição é evidente.


De qualquer forma, nada supera o bom humor evidenciado em encontros ocasionais. Como este com Tom Brady, grande figura do futebol americano. «Ele pediu-me uma foto, não sei quem é ou se ganhou alguma coisa, mas fiz o dia ao miúdo», escreveu Herrera na legenda, entre vários sorrisos. É, sem sombra de dúvida, a maior personagem deste Mundial 2014.