Uma primeira parte confusa e uma segunda com várias oportunidades mas pouca lucidez não valeram mais do que uma igualdade no primeiro jogo aberto da pré-temporada do FC Porto. Terminou sem golos e com uma derrota nas grandes penalidades a primeira amostra no México, frente a um Cruz Azul que está a poucos dias de começar o campeonato, mas cuja diferença na preparação quase não se fez sentir.

Na verdade, foi notório que os índices físicos portistas ainda não estão no nível ideal, longe disso, mas o rival também não teve arte nem engenho para mudar o rumo de um jogo que, sobretudo na segunda metade foi quase de sentido único. Não é comum nestes jogos de pré-época, mas as substituições melhoraram o jogo do FC Porto.

O FILME DO JOGO

De início, Sérgio Conceição apostou num esquema que tinha em Otávio o elemento chave. O brasileiro, definitivamente a jogar no centro, seria uma mistura entre um dez à antiga e um segundo avançado. O futebol portista nesse período não permitiu tirar conclusões definitivas sobre o potencial da ideia, mas uma coisa é certa: com Otávio e Óliver em campo, o jogo interior foi forte.

Também porque, pelas alas, a felicidade não apareceu. Corona só se destacou num remate às malhas laterais, após roubo de bola e assistência de Soares. Brahimi esteve bem mais em jogo mas pouco lhe saiu bem.

Curto nos flancos, o jogo afunilava, até porque os laterais nem sempre conseguiam aparecer. Neste aspeto, esteve melhor Ricardo Pereira, à direita. O português foi uma das duas novidades no onze, face à época transata, a par de Mikel, que jogou como elemento mais recuado do meio campo e cumpriu.

O FC Porto teve mais oportunidades do que o Cruz Azul no primeiro tempo, mas a mais flagrante de todas foi mesmo dos mexicanos, desperdiçada de forma incrível, a um metro da baliza, após mau corte de Ivan Marcano. Foi, de resto, um dos poucos lapsos defensivos da equipa de Sérgio Conceição no jogo.

No ataque, porém, o acerto foi menor. Os primeiros três remates foram todos de longe e só Alex Telles acertou no alvo. Depois veio a tal oportunidade de Corona e a melhor de todas, por Óliver Torres, após combinação com Soares (excelente calcanhar), que Jair Peláez deteve.

O espanhol foi dos que deixou melhores indicações, tal como João Carlos Teixeira, no tempo que jogou na segunda parte.

Sobre esse período do jogo, então, diga-se que foi quase só do FC Porto. Bem mais mandão do que no primeiro tempo, fruto de uma pressão alta que promete ser imagem de marca da era Conceição, faltou, lá está, lucidez na hora de decidir. A fase da época não ajuda e perdidas de Hernâni e Galeno, os extremos que vieram para o segundo tempo, ilustram na perfeição esse desacerto.

Aboubakar, que rendeu Soares, viu-se apenas num remate que rasou o poste. Ainda assim, mais do que o brasileiro que trabalhou muito mas saiu sem fazer um remate. André André foi trinco no segundo tempo e também esteve perto de marcar em novo remate de longe. Outra imagem de marca deste FC Porto, já dá para concluir: há ordem para disparar.

A pólvora, contudo, foi seca. Mesmo com mais jogo e mais oportunidades, o resultado foi o mesmo zero do rival e o segundo empate em três jogos na pré-temporada, depois do 2-2 com a Académica, à porta fechada.

Este, porém, teve o desfecho mais amargo, pois havia um troféu em disputa e ficou para a equipa da casa, que esteve melhor no desempate por penáltis. João Teixeira, Rafa Soares e Martins Indi falharam as suas tentativas. Sérgio Oliveira e Herrera concretizaram, mas de nada valeu. A festa foi mexicana. Sérgio Conceição tirou, certamente, notas importantes: há ainda muito para afinar neste FC Porto.