Os três candidatos à presidência do Sporting responderam a cinco questões colocadas pelo Maisfutebol. Aqui, as respostas de Carlos Severino.
Pensa baixar os objetivos desportivos, admitindo não lutar pelo título, para concentrar o clube na recuperação financeira e reestruturação desportiva?
Os objetivos desportivos são construir uma equipa baseada na formação, assente no projeto fundamental da formação, com a ajuda da Cruyff Football. Vêm cinco treinadores para integrar a estrutura, correspondem a dez por cento dos treinadores da Academia, num formato que permita um sistema de futebol que de vá desde os babies aos seniores. Vamos criar uma equipa C para quando os jovens chegarem aos seniores tenham suficiente maturidade para integrar uma equipa A. No primeiro ano não vamos prometer o título, mas não escamoteamos essa possibilidade. Não podemos dizer que vamos ser campeões porque temos de construir uma equipa de novo. Mais a mais com o atual presidente a vender o plantel todo. Precisamos de três anos para os jovens ganharem peso, mais os reforços que nãos serão Pongolles ou Bojinovs, serão jogadores de mão cheia, na casa dos 25 anos, que vão mesclar uma equipa de juventude.
O Sporting precisa de 25 a 40 milhões de euros até ao final da temporada. Como pretende garantir o financiamento a curto prazo?
Temos parceiros financeiros que nos permitem liquidez para os problemas imediatos. Depois vamos juntar a estrutura da Cruyff Football, que permitiu criar o Messi, à Academia que criou o Cristiano Ronaldo. A estrutura Cruyff aposta em jogadores de todo o mundo e pretende valorizá-los a partir dos 16 anos. Eles não investem nos passes, investem na sua carreira. Quando chegam à equipa A, aos 22/23 anos, pode valer 10 milhões. O que vamos fazer é pagar ao investidor um milhão. Os restantes nove serão um terço para pagar dívida e o resto para investir na equipa de futebol. Foi a estrutura Cruyff quem pôs o Barca a jogar tiki-taka e que criou o grande Ajax. Não são eles que vão tomar conta da Academia. Terá uma estrutura portuguesa com pessoas como o Aurélio Pereira, o Vidigal, o Nelson. Não falei com eles, mas quero-os no Sporting. Serão as nossas referências, não atrás de uma secretária, mas no terreno a trabalhar com jovens.
Admite vender a maioria da SAD? Nesta perspetiva, admite perder o controlo sobre o futebol?
A atual SAD, com os problemas que tem, admitimos vender. Temos duas modalidades. Temos investidores interessados em investir, é um negócio para ver mais à frente, mas sem nunca perder o controlo do futebol, caso contrário não faz sentido sermos presidentes do Sporting. Mas em primeiro lugar, numa primeira fase, vamos propor aos sportinguistas que comprem essa parte. Depois, caso não haja muitos interessados, temos investidores.
Jesualdo Ferreira faz parte do projeto para a temporada 2013/14? Em que funções?
É o treinador do Sporting. Vai ser o treinador até ao final da época. No final da época vamos por-lhe o plano que temos à frente com um teto máximo de 50 mil euros, salvo raras exceções. Se o Patrício continuar no Sporting, ganha mais do que isso, claro. Vamos definir um prazo mínimo de três anos para lutarmos pelos títulos. Se o Jesualdo disser que está disponível para, com toda a garra, seguir este caminho, estamos abertos para conversar. Mas posso dizer que não é agradável ver o Sporting ganhar apenas dois jogos em oito jornadas.
Rui Patrício pode sair por um valor abaixo da cláusula de rescisão?
O Rui Patrício é um sportinguista de mão cheia, tem sido a salvação do Sporting. Faremos tudo para que continue no Sporting. Mas o seu passe não pertence na totalidade ao Sporting. Até 31 de dezembro o Sporting tinha 65 por cento. Nesta altura não tenho dados concretos. Se não for assim, pouco podemos fazer. Se for assim, vamos querer mantê-lo e será a única exceção num teto salarial de 50 mil euros.