Xherdan Shaqiri, Granit Xhaka, Valon Behrami, Admir Mehmedi, Blerim Dzemaili e Pajtim Kasami não são nomes tipicamente suíços, mas figuram na lista dos principais jogadores da seleção que garantiu o apuramento para o Mundial de 2014. Todos eles são de ascendência albanesa e estão a ajudar a equipa do centro da Europa a afirmar-se no panorama internacional.

A grande figura da Suíça neste momento é o jovem Shaqiri (acabado de fazer 22 anos), médio do Bayern Munique que apontou um dos golos da vitória desta sexta-feira sobre precisamente a Albânia, em Tirana. Nascido na cidade de Gnjilane, então na antiga Jugoslávia (mas hoje em dia pertencente ao Kosovo), é filho de refugiados albaneses entretanto emigrados para a Suíça.

Como o Kosovo ainda não é reconhecido no seio da FIFA, e por isso a sua seleção não pode disputar as competições internacionais, os mais radicais defendem que jogadores como o pequeno Shaqiri (mede 1,69m) deviam representar a Albânia. O próprio jogador sentia-se dividido antes do embate desta sexta-feira e colocou no twitter uma foto da sua chuteira em que surgem as bandeiras da Albânia, do Kosovo e da Suíça.


Os suíços estão eufóricos, não tendo perdido um único jogo no grupo E. Esta é a quinta vez desde 2004 que vão estar presentes na fase final de um campeonato internacional de seleções, tendo só falhado o Euro 2012. Dizem que se trata da equipa mais forte da história e muito do mérito está no trabalho do técnico Ottmar Hitzfeld, que impôs a sua matriz alemã, evidentemente potenciada pelos talentosos jogadores de ascendência albanesa, para além de Ricardo Rodriguez, Fabian Schär ou Valentin Stocker. São agora comparados à geração de 1994 e 1996, que contava com Sforza, Sutter, Chapuisat e Türkyilmaz. 

Esta ligação à Albânia é, porém, algo polémica, e nos dias que antecederam o embate de Tirana chegou a haver apelos por parte de grupos ultra-nacionalistas para que os seis atletas não defrontassem a sua «pátria-mãe». «É melhor não jogarem contra os da vossa raça, pois se não fizerem um bom jogo vão passar a traidores na Suíça. E se marcarem golos, nós, os vossos compatriotas, utilizaremos o mesmo termo contra vós», comunicou um grupo de albaneses. Estima-se que na Suíça vivam cerca de 200 mil pessoas de etnia albanesa, mas apenas 1% são cidadãos daquele país dos Balcãs e a grande maioria é proveniente do Kosovo ou da Macedónia.

Depois de já terem sido assobiados pelos próprios suíços no jogo entre as duas equipas que se realizou em Lucerna, os atletas não fizeram qualquer comentário e Shaqiri respondeu em campo com um golo na baliza da Albânia, em Tirana.

O sucesso da equipa está garantido e é natural que estas questões se desvaneçam até à presença no Brasil, até porque está na altura de festejar o apuramento. A dúvida do momento passa a ser o contrato do treinador, que termina com o Mundial Hitzfeld tem 64 anos, poderá estar à beira da reforma, mas nenhum nome se afigura como sucessor, pelo que o mais provável é que venha a renovar.