O jogo era só para cumprir calendário, pois os Sacramento Kings e os Minnesota Timberwolves já estão arredados dos «play-offs» da NBA. Mas o jogo desta terça-feira entre duas das mais fracas equipas do ano acabou por ficar na história da liga de basquetebol profissional dos Estados Unidos com a estreia de um jogador de origem indiana.

Simran («Sim») Bhullar entrou a 16.1 segundos do final do jogo em que os Kings venceram os Wolves por 116-111. O poste substituiu Jason Thompson quando Ray McCallum fazia o segundo de dois lançamentos livres. Foram 16.770 os espectadores que na Sleep Train Areana, em Sacramento ovacionaram de pé o jogador de 2,28 metros (e 163 quilos), que é também o mais alto da presente NBA.



O resultado, como se sabe foi o menos importante. A nacionalidade canadiana de Sim Buhllar também é um detalhe. O que importa destacar e foi destacado é que um «filho» da Índia está na NBA e o basquetebol dos EUA abre as portas a mais milhares de milhões.

Sim Bhullar tem 23 anos e nasceu em Toronto, no estado do Ontário. É filho de pais que emigraram da região indiana do Punjab para o Canadá, onde têm atualmente uma estação de serviço. Foi ainda no Canadá que ele e o irmão Tanveer (2,18 metros de altura) frequentaram escolas com basquetebol de formação indo depois para os EUA. Aí, ganharam bolsas de estudo e foram jogar a nível universitário na New Mexico State.

O irmão mais alto destacou-se na universidade. Sim Bhullar ganhou prémios individuais além dos títulos coletivos. Acabou por estar no «Draft» de 2014. Não foi escolhido entre os primeiros 60 jogadores, mas, no dia a seguir foi o primeiro jogador de ascendência indiana a assinar contrato com uma equipa da NBA. Os Sacramentos Kings ficaram com ele e Sim ainda jogou na equipa que ganhou a Summer League. Depois, foi jogar para a filial dos Kings na D-League, os Reno Bighorns.



Um ano antes, em 2013, Vivek Radanivé [à direita de todos na fotografia] tornou-se o primeiro indiano a deter maioritariamente uma equipa da NBA. Foi também nesse mesmo ano que David Stern, antigo diretor da liga profissional de basquetebol, visitou a Índia fazendo a previsão de que o país teria um jogador na NBA em cinco anos. Passaram apenas dois. O mercado de milhares de milhões de pessoas vai olhar com outros olhos o melhor campeonato do mundo de basquetebol.

A NBA já tem 101 jogadores oriundos de 37 países que não os EUA.

A nível desportivo, Sim Bhullar não ficou nas estatísticas do jogo de terça-feira. Afinal, foram os 16 segundo em campo. No lançamento do «Drraft» de 2014, a NBA elogiava a sua qualidade nos ressaltos ofensivos e nos blocos (o que não espanta pela sua altura), mas ainda duvidava do jogo interior e da eficácia da linha de lances livres. Agora, tem mais cinco jogos para fazer antes que acabe a fase regular de 2015. É a altura em que lhe pedem para do sonho à realidade.
 


O seu atual contrato foi assinado no dia 2 e tem a duração de 10 dias. Quando na NBA olham para um jogador com origens asiáticas, ninguém de esquece de lembrar o chinês Yao Ming. E Sim Bhullar vai ter a dupla missão: a de representar o país das suas origens e jogar basquetebol.

«Foi uma grande sensação e estou feliz por ser uma espécie de embaixador. Felizmente, mais miúdos verão que há um descendente de indianos a jogar e poderemos ter mais indianos na NBA», disse Sim Bhullar, numa citação da «BBC». Como dirão os norte-americanos: «That`s tje spirit.»