Quando ele chegou ao Calderón, em 2011, o Atlético Madrid era um Celta de Vigo com mais uns milhares de adeptos e troféus no Museu. Estacionado a meio da tabela da Liga espanhola, parecia condenado a ser segundo na cidade e pouca coisa numa Espanha que só tinha olhos para a rivalidade entre Real Madrid e Barcelona.

Em três anos,
Diego Simeone construiu uma equipa à sua imagem, como reconhecem todos os jogadores que abrem a boca para falar sobre o que se passa no Atlético de Madrid. Quem viu jogar o médio argentino percebe as semelhanças. A alma é a dele, os princípios também.

Com Simeone, é tudo sobre a equipa. Uma ideia clara e forte de jogo. E todo o plantel disponível para lutar por ela.

Este Atlético de Madrid, apesar de tudo um conjunto de jogadores
low cost, é a prova de que o dinheiro não é tudo. Entre outras coisas, Simeone está a explicar-nos que os milhões têm a sua importância, mas até ver o futebol ainda é muito mais do que isso. Na verdade, ele está a fazer mais pelo jogo do que aquelas coisas difusas do fair-play financeiro, inventadas por Michel Platini. O equilíbrio consegue-se a partir de valores e de muito trabalho, explica o treinador argentino.

Na quarta-feira, em Stamford Bridge, a diferença entre Atlético de Madrid e Chelsea foi visível a partir de diversos ângulos. Mas, acidentes à parte (aquele penálti, as bolas nos postes), talvez fosse possível resumi-la em duas palavras: organização e fome.

A organização que se deteta no Atlético de Madrid, em todos os momentos. A fome de quem pouco ganhou e sabe que está perto de conseguir o impensável: vencer o campeonato em Espanha e conseguir a primeira Champions.

Pode ser que Diego Simeone chegue ao final da época sem qualquer título. Mas será sem dúvida o responsável pelo melhor trabalho da época. Ele e Klopp são os dois treinadores inspiradores da atualidade. E não me esqueci de Guardiola, nem sequer de Mourinho.

NOTA: Na final da Champions o Atlético Madrid terá pela frente o rival de sempre, também a viver um momento histórico. Depois de muito tentar, o Real Madrid pode finalmente somar a décima Liga dos Campeões. Naquele plantel, alguns jogadores somaram sucessos vários pela seleção espanhola, mas passaram anos à sombra do Barcelona, ofuscados pelo brilho da que já foi a melhor equipa do Mundo. Liderados por Cristiano Ronaldo (16 golos, que número!)  estão muito perto do que sempre desejaram. Em Lisboa, acredito que a fome de vencer será igual.