Portugal colocou-se à beira das meias-finais da Taça das Confederações com uma vitória sofrida (por culpa própria) frente a uma Rússia que já viu melhores dias.

Marcou cedo, por um Cristiano Ronaldo em grande forma – também a Seleção estará certamente a colher frutos da gestão de Zinedine Zidane no Real Madrid ao longo da época –, e esteve várias vezes perto de mais um golo, que permitiria um final de encontro mais tranquilo, altura em que os russos apertaram e ameaçaram a baliza de Patrício.

Fernando Santos trocou quatro, em relação ao empate com o México: Fonte por Bruno Alves, Moutinho por Adrien, Quaresma por Bernardo Silva e Nani por André Silva. O reforço do Manchester City foi uma das figuras da partida, com inúmeros pormenores de classe em muitos momentos, sobretudo na primeira parte.

Se Bernardo sobressaiu, as outras três novidades acrescentaram melhorias. Alves formou uma dupla coesa com Pepe e esteve imperial num dos seus pontos fortes, o jogo-aéreo. Adrien somou intensidade e agressividade ao meio-campo, restabelecendo uma boa ligação com William. André Silva, por sua vez, mostrou-se bem mais dinâmico e construtivo que o antecessor.

Raphäel Guerreiro também melhorou em relação ao primeiro jogo até se lesionar, e é dele o cruzamento para o golo. Cédric está motivadíssimo e assinou outra grande exibição. André Gomes tem conseguido lutar contra a aura de patinho-feio que o persegue desde Camp Nou e voltou a ser extremamente útil.

Tudo somado, foi um jogo bem positivo, com ressalva para a deficiente finalização em várias oportunidades criadas.

Em termos de futebol jogado, esta Seleção continua longe do brilhantismo de outras. É a mesma filosofia racional, por vezes sem rasgo – sobretudo perante equipas mais fechadas – que não entusiasma e que carrega desde o Europeu. Fernando Santos, depois de dois golos sofridos frente ao México, entendeu que desta vez a diferença foi ter acabado a zeros na sua baliza. Também, mas prefiro pensar que globalmente a equipa teve mais momentos bons também no ataque. E aí não pode ter sido indiferente à entrada dos Silvas, Bernardo e André.

Disse recentemente que a Seleção que mais gostei de ver jogar foi a de 2000, e esta está longe daquele futebol-arte que deixou rasto nos Países Baixos. Logo à partida, tem um ponto de equilíbrio diferente, mais baixo, que não lhe permite explodir para exibições gloriosas. Esta é a fórmula Fernando Santos e obviamente a fórmula Euro, que já deu um caneco, e lutará muito provavelmente pelas Confederações. Acredito que, mesmo dentro desta fórmula, há espaço para crescer, e o jogo com a Rússia trouxe alguns bons indícios de que é possível fazê-lo.

Um fenómeno chamado Ricardinho

Época incrível. Ganhou pelo Inter tudo o que podia ganhar, e voltou a ser mágico, decisivo. Mesmo que não se possa comparar o que é incomparável, vejo a mesma fome de jogar e ganhar no futsalista do que em Cristiano Ronaldo, e isso será uma das grandes razões do seu sucesso. Além do talento, claro. É essa vontade, esse querer sempre mais, que o mantém também há tanto tempo no topo, que faz com que trabalhe incansavelmente numa modalidade que exige concentração e entrega durante todos os segundos. Ainda mais do que no futebol. Recomendo a entrevista ao seu treinador, Juan Velasco, para conhecerem o seu lado humano, e onde se revela essa exigência que Ricardinho coloca a si próprio a todo o tempo. 

Não tenho dúvidas de que o português é um dos melhores já de todos os tempos, e que continuará a espalhar magia por essas quadras pela Europa fora. A Ricardinho talvez tenha faltado uma geração com um pouco mais de qualidade durante o seu melhor momento para que pudesse somar títulos também pela Seleção. Andou perto, em 2000 na Guatemala, em 2010 na Hungria e, mais recentemente, no ano passado na Colômbia, mas fica-lhe a faltar também essa consagração.

Apesar de se aproximar a passos largos para o final da carreira, podemos acreditar que talvez ainda volte para abrilhantar ainda mais a nossa liga, e fazer crescer uma modalidade cada vez com mais praticantes e impacto no desporto e na sociedade em geral. Isso cabe-lhe a si decidir.

O adeus de Alan

A despedida dos relvados, à beira dos 38 anos. Uma carreira longa, com muitos jogos e vários clubes, mas sempre com um sorriso nos lábios e o prazer de jogar presente. O brasileiro foi autor de muitos bons momentos da Liga no passado, e merece o reconhecimento pelo que deu ao futebol português.

Obrigado, Alan!