Uma Liga equilibrada não é sinónimo de autoestrada para os grandes, e Marítimo e Paços mostraram que ainda há, por cá, equipas capazes de provocar dissabores aos mais fortes.

Na Madeira, houve sobretudo um conjunto organizado e solidário, acima de qualquer outra coisa. Muito virado para a sua baliza, onde esteve um Salin insuperável, que provocou ansiedade e o tal azar de que se pode queixar o FC Porto, com golos falhados a dois passos da linha de golo e a bola no ferro.

No ataque pouco fez, é verdade. Teve uma ou duas jogadas, marcou um golo e ficou contente. Teve consciência das suas limitações e cerrou fileiras. Venceu. É também uma almofada de ar para Leonel Pontes, que não deixa de ter o Marítimo num modesto 11º lugar.

Na Mata Real viu-se mais Paços do que houve Marítimo nos Barreiros. Resistiu a uma meia-hora forte do Benfica, reorganizou-se e nunca perdeu o sentido da baliza de Júlio César. No regresso dos vestiários confirmou a tendência de crescimento do final da primeira parte e chegou ao golo. Ganhou porque creditou sempre que podia ganhar.

Teve sorte também. Faz parte. Basta olhar para as três bolas no ferro, entre as quais um penálti falhado, e um ou outro remate desnorteado por parte dos jogadores do Benfica. Mas teve o mérito de descontrolar o líder da tabela, que só tinha passado por algo semelhante em Braga.

Marítimo e Paços faltaram ao respeito aos grandes, e foram premiados com vitórias moralizadoras.

No que diz respeito ao Sporting, o título diz quase tudo. A equipa de Marco Silva resistiu à crise, à lesão e baixa de rendimento de Nani e à presença de Slimani na CAN. Carrillo, Tanaka, Montero e João Mário, entre outros, têm assumido a sua responsabilidade.

Os leões têm ganho alguns encontros pela margem mínima (Nacional, Braga e, agora, Académica) e sofreram para bater o Rio Ave. Sem provocar grande entusiasmo conseguiram sobreviver. Se passarem em Arouca terão mais uma oportunidade para encurtar distâncias no dérbi, e continuarão com o segundo lugar à vista e com o FC Porto sob pressão mais intensa. É que os dragões agora também têm de olhar para baixo.

O Sporting é a equipa com melhor série de vitórias em curso (5) e ainda não deixou de acreditar que ainda tem uma palavra a dizer na discussão do título. Se continuar competente poderá tê-la, mas ainda em grande parte dependente dos outros. O segundo lugar ficou, no entanto, completamente em aberto.​

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.