O Benfica garantiu, com o triunfo de sábado frente ao Vitória Guimarães, que dobrará a primeira volta no lugar mais alto do campeonato, independentemente do que aconteça na Madeira, na próxima jornada.

Além disso, aumentou a vantagem para a terceira posição, que pertencia ao seu rival desse dia e agora é do Sporting, a dez pontos, como estava antes de Braga. E o FC Porto a seis.

Na verdade, nada disso vale título algum, nem o fictício epíteto «campeão de inverno», que já tinha «conquistado» em dezembro.

Ficarão a faltar, daqui por uma semana, outras tantas 17 jornadas, numa caminhada que terá pontos tão ou mais difíceis que esta primeira metade, como as idas a Guimarães e Alvalade, e as receções a Sp. Braga (com quem já perdeu na Liga e na Taça de Portugal) e FC Porto.

Além de outros adversários, que podem ser traiçoeiros.

Todas as tendências têm obviamente exceções, e podem encontrar-se algumas na equação que diz que ser campeão de inverno é garantia quase certa de festejar no fim.

Nos últimos 20 anos, apenas por quatro vezes isso não aconteceu, que é o mesmo que dizer que passar dezembro na frente é garantia de título em 80 por cento das vezes. O FC Porto perdeu três dessas quatro lideranças (99/2000, para o Sporting; 2000/01, para o Boavista; e 2004/05 para o Benfica). Ao clube da Luz aconteceu o mesmo uma vez (2008/09, para o FC Porto).

Nas restantes 16, só houve sorrisos para quem andava feliz por altura do Natal.

Os encarnados garantem essa dobragem na frente sem terem mostrado chama muito intensa. Os rivais podem até alegar que merecem mais nota artística, como lhe gosta de chamar Jorge Jesus. Bem mais intensidade, mais riqueza nas suas vitórias. Mas a verdade é que falharam mais vezes e foram castigados com pontos.

Se olharmos só para a Liga, o Benfica tem sido, sobretudo, competente.

Estável a nível defensivo e, aparentemente, também já no meio-campo defensivo, e capaz de se regenerar sempre que não tem uma unidade importante, escolhendo opções que acabam por ser suficientes para consumo interno.

No sábado, frente a uma equipa jovem, mas explosiva, cresceu com um Gaitán de alto quilate – que o mercado seja cego e surdo!, pedirá certamente Jesus –, e também com Jonas, cada vez mais integrado e oportuno. Dois jogadores que podem fazer muito a diferença no que falta de campeonato.

Os dois grandes rivais ganharam. O FC Porto não teve grandes dificuldades para bater um Belenenses em quebra, o Sporting foi salvo pelo gongo, no último minuto de descontos, por um livre direto de Tanaka.

Tanto dragões como leões permanecem vivos, embora o grau de dificuldade para os últimos fosse bem mais alto. O triunfo, apesar de algumas dificuldades criadas pelos minhotos a que Patrício se opôs bem , acaba por premiar a vontade dos homens de Marco Silva em continuar na luta e entrar nos lugares de pódio. O Sporting sobreviveu à crise e aponta mais acima.

No entanto, parece óbvio, ambos gostariam de estar na posição do Benfica.

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.