Há dois aspetos que influenciam decisivamente a perceção que se tem da transferência de Bruno Fernandes: por um lado, os valores praticados com a venda de João Félix, por outro lado, a garantia de Frederico Varandas de que não aceitaria a saída por menos de 70 milhões de euros.

A verdade, porém, é que esses dois factos não podem condicionar o discernimento.

O Sporting está hoje a anos luz do Benfica, em todos os aspetos: estabilidade, saúde financeira, competitividade desportiva, profissionalização da estrutura, projeção internacional, enfim.

Repito: anos luz.

A partir daí, é preciso ter noção do que é hoje o Sporting: um clube afogado em problemas financeiros, que frequentemente se sente com a corda na garganta no final do mês e que não tem prestígio internacional. Não disputa a Liga dos Campeões, aliás, há três anos.

O Sporting está na segunda divisão europeia.

Mesmo assim, mesmo estando ao nível de um clube médio de França ou de Itália, o Sporting conseguiu vender Bruno Fernandes por 55 milhões, que rapidamente podem ser 65 milhões.

É um bom negócio.

Portugal sabe que Bruno Fernandes vale mais do que isso, mas a Europa não o sabe, porque raramente o viu jogar: mesmo nos jogos da Seleção Nacional, o médio nunca mostrou o que vale.

Ora por isso, o que temos é que um clube mergulhado numa crise financeira e sem projeção internacional, vendeu um jogador pelo que ele fez no campeonato nacional.

Conseguir valorizá-lo em 65 milhões de euros, é muito bom.

Se o leitor tiver dúvidas, faça uma pergunta a si próprio: quantas vezes um clube médio/pequeno do futebol europeu vende um jogador para um gigante por estes valores?