Gosto de André Gomes, e gosto do futebol de André Gomes.

Respeito todas as opiniões, mas esta é a minha e fico-me com ela.

Não é um futebol de rasgo, de grandes correrias ou de dribles infindáveis. É um futebol sim de apoios. Mais posicional no sentido do jogo disposicional de Juanma Lillo, em que procura dar sempre uma solução ao colega com a bola, e que por vezes deixa – admito – algumas dúvidas no ar. As suas exibições não são feitas só de afirmações retumbantes.

O André deixou no Benfica a questão da tal falta de intensidade, que foi contrariando depois no Valência ao ponto de assinar por uma equipa de super-estrelas como o Barcelona. Continuo a achar que é e será sempre um jogador extremamente útil.

Há os craques, e os que os suportam, e André Gomes tem (e terá durante quase toda a carreira) esse papel de ator secundário.

A entrevista que deu à revista «Panenka» é surpreendente pela abertura e, também por isso, preocupante. Ao abrir-se ao mundo, o internacional português mostra-se num estado em que não o imaginávamos ainda. Ao revelar-se, combate felizmente a solidão que muitas vezes é a maior amiga da depressão.

O futebolista acredita que a própria entrevista poderá ser o ponto de viragem para o regresso aos bons momentos. Honesta, pura, corajosa, tem tudo para sê-lo. André Gomes dificilmente agora se sentirá sozinho, sobretudo numa equipa como o Barça.

A vida de um futebolista não é uma linha contínua feita de sucesso, salvo um ou outro exemplo. Ao longo dos últimos meses, tem-se notado inclusive no meio-campo da Seleção, com jogadores como Renato Sanches e João Mário a passarem por maus momentos, depois de já terem mostrado talento de sobra.

Ao falar de forma tão corajosa e aberta, André Gomes está a fazer um alerta a si próprio para reagir, e irá dar felizmente, como tantos outros, a volta por cima. Eu acredito.