A Nigéria entrou nesta edição da CAN rodeada de dúvidas. Vinha de dois empates nos jogos de apuramento para o Mundial 2026 e de uma derrota com a Guiné-Conacri, num jogo particular.

Perdeu jogadores que poderiam ser importantes no ataque como Victor Boniface e Umar Sadiq.

Claro, tem outros talentos, desde logo a estrela Victor Osimhen e o agitador Ademola Lookman – que está a fazer um belo torneio – mas seriam outras soluções válidas. E a forma como o avançado da Real Sociedad recuperou da tal lesão complicada, já de regresso ao clube, também poderia criar instabilidade no grupo.

Uma instabilidade alimentada com notícias vindas da Nigéria que apontavam para uma vontade de despedir o técnico português, se tivessem dinheiro para isso…

Peseiro já explicou a origem duvidosa dessa informação e até disse que recusou renovar contrato para lá do final da CAN.

Enfim, tudo junto reflete um ambiente de trabalho pouco tranquilo. Mas, para quem conhece o futebol africano, até habitual antes de se jogar uma fase final desta importância.

O arranque da prova não foi promissor: ao empate com a Guiné Equatorial seguiram-se vitória tangenciais sobre a Costa do Marfim e Guiné-Bissau. A verdade é que somou sete pontos e chegou aos oitavos.  

Aos poucos, a Nigéria estabilizou. Organizada, não sofre golos desde o primeiro jogo. E tem superado adversários, encontrando soluções ofensivas, aproveitando o talento individual dos seus jogadores.

É, nesta altura, a seleção com melhor ranking em prova, depois da queda de Marrocos, Senegal, Tunísia, Argélia e Egito.

Os rankings não ganham jogos, nem troféus, já se sabe. O fator casa pode pesar para uma inconsistente (mas ‘milagreira’) Costa do Marfim; a África do Sul e a República Democrática do Congo podem sempre surpreender; mas a Nigéria parece ser a equipa mais apetrechada.

As ‘Super Águias’ já venceram a prova três vezes, a última em 2013.

José Peseiro é um dos bons treinadores portugueses. Muitas vezes, porém, não é levado muito a sério. Faltam-lhe troféus, eventualmente.

Agora pode escrever o seu nome no livro de ouro do futebol da Nigéria e do futebol africano. E depois, sorrir e, provavelmente, partir para outra.