A palavra que mais se adequa à campanha do Benfica esta época é sobrevivência.

Sobreviveu ao mar de lesões que devastou a equipa em largas semanas da temporada, voltou a sobreviver agora a mais duas, sobretudo a de Fejsa, antes do clássico. Sobreviveu a ganhar, até aqui, mas o empate é meia-vitória. Pelo menos.

No Dragão, sobreviveu a erros posicionais, a exibições frágeis de três ou quatro jogadores, até a um golo mais consentido por parte do seu guarda-redes. Que negou outros, sublinhe-se.

No futebol praticado, nas oportunidades criadas, no número de ataques, o FC Porto foi melhor. Até ao golo de Jota, a equipa de Nuno Espírito Santo foi mesmo muito melhor.

Depois, o campeão puxou dos galões e tentou forçar o empate. Não o fez sempre da melhor forma, longe disso, mas foi-se aproximando de Iker Casillas, ao mesmo tempo que Nuno recuava com uma ou outra substituição. Ao contrário de Rui Vitória, bem mais assertivo.

O FC Porto foi perdendo terreno, e numa bola parada, nos descontos, o Benfica igualou. Tem mérito pelo esforço, tal como teve demérito em grande parte do resto do tempo pela falta de controlo que teve na partida. Mas, e parece que ficou claro, cumpriu o objetivo: sai como entrou, com cinco pontos de avanço sobre o rival direto.

Os dragões precisam de juntar regularidade à irreverência e ao talento individual que existe. Óliver. André Silva. Otávio. Todos eles tiveram bons momentos. O FC Porto esteve muito perto de vencer o campeão e recuperar boa parte do atraso, mas a verdade é que voltou a falhar ao segundo clássico. Tem um ponto em seis possíveis.

Sim, o Sporting voltou à normalidade. O normal é que bata o Arouca em Alvalade, como bateu. Recuperou dois pontos a Benfica e FC Porto, já tem de novo Adrien, um jogador que acrescenta intensidade e agressividade ímpares dentro do grupo, e Jorge Jesus já sabe mais algumas coisas sobre os (muitos) reforços. O normal é que entre em velocidade de cruzeiro rapidamente.

Grande trabalho de Pedro Martins em Guimarães, depois de outros em outras equipas. O Vitória é quarto, a um ponto de FC Porto e Sporting, e a par do rival Sp. Braga. Bom futebol, filosofia ofensiva e muito boa organização fazem dos minhotos uma excelente notícia para o campeonato português. Frente ao Nacional, ainda teve de virar um resultado negativo frente ao Nacional reduzido a dez, depois da expulsão de Marega. É obra. Obra de um excelente treinador.

Já aqui elogiei, mas nova nota para os trabalhos de Leonardo Jardim no Monaco, e Antonio Conte e Jurgen Klopp, respetivamente no Chelsea e no Liverpool. São projetos que entusiasmam. Muito.

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LUÍS MATEUS é o Diretor do MAISFUTEBOL e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».