Não parece haver grandes dúvidas de que o triunfo em Londres é uma grande vitória de Leonardo Jardim, primeiro, e do seu Monaco depois. Há que confirmá-lo em casa agora, mas é-me difícil imaginar uma derrota desastrosa dos franceses por 3-0 na segunda mão. Ou eventualmente por 3-1, com recurso dos ingleses ao prolongamento ou aos penáltis para completar o milagre.
 
E é difícil porque, sobretudo, as equipas de Jardim são sempre equilibradas, organizadas e conscientes das suas limitações.

Sim, a vitória foi sobre o Arsenal de Wenger, que costuma ter noites tão desgraçadas como estas, e não está no patamar qualitativo de Chelsea, Manchester City, Real Madrid e Barcelona, entre outros. Mas mesmo este Arsenal não será certamente acessível no seu estádio para muitas das boas equipas da Europa.

Se já achámos que o português tinha conseguido espremer o Sporting até ao limite, o que dizer deste Monaco? Chegou e tinha Falcao e James, mas ficou com Ferreira Carrasco e Berbatov e apostou, com a visão que outros não tiveram, em Bernardo Silva. Apesar da reconhecida qualidade dos que ficaram, não podemos dizer levianamente que ficou ela por ela.

Na Ligue 1 estabilizou e ainda poderá recuperar parte do atraso, tão instáveis que estão os primeiros. E vencer em Londres, numa verdadeira lição aos ingleses, tem grande mérito.

A imagem de marca de Jardim é esta: bons trabalhos por onde passa e com recursos limitados. Equipas organizadas, motivadas e focadas, conscientes sempre do que têm de fazer em campo e, igualmente importante, do que não podem, de maneira alguma, arriscar.

Jardim começa a reclamar (e a merecer finalmente) uma equipa com matéria-prima para maior ambição, algo que o Monaco rapidamente deixou de ser.

Foi bom vê-lo festejar Mourinho-style junto à linha lateral. Nesse momento caiu em si e percebeu o que tinha acabado de conseguir.

P.S. João Moutinho a voltar às grandes exibições e a participação deliciosa de Bernardo Silva no terceiro golo são excelentes notícias para a Seleção. No caso do avançado a pergunta ameaça começar a ser recorrente a curto prazo: 15 milhões pelo jogador mais inflacionado do mercado não terá sido pouco? Apesar, obviamente, do que escrevi antes.

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.