Quando Leonardo Jardim deixou o Sporting não saberia certamente o que lhe iria acontecer pouco depois no Mónaco: um desinvestimento quase total, com a saída dos melhores jogadores Radamel Falcao e James Rodríguez.

Depois dos bons trabalhos em Chaves e Aveiro, com subidas de divisão, do terceiro lugar em Braga, do segundo em Alvalade e de dois terceiros novamente na Ligue 1 francesa, o treinador português já justificava só por isso algo mais.

É verdade que foi despedido do Olympiakos quando tinha dez pontos de avanço no primeiro lugar da liga grega, mas seguramente que não terá sido pelo rendimento desportivo. O seu trabalho tem um claro rótulo de elevada qualidade.

Basta olhar para o onze apresentado na visita ao Tottenham, esta quarta-feira, na Liga dos Campeões – que já teve de novo Falcao, mas um Falcao menos efusivo – para se verificar o valor que acrescenta à equipa. Foi Leonardo Jardim quem fez crescer a maior parte daqueles jogadores, muitos deles jovens e com a inexperiência que vem agarrada à idade.

Vencer por 2-1 em Inglaterra os Spurs de Mauricio Pocchetino, que lutaram pelo título inglês até ao fim na última época e eram em teoria os grandes favoritos do grupo, é obra. Beneficiou, é verdade, de mais um grande golo de Bernardo Silva, também ele a querer recuperar o tempo perdido nos passados meses e a prometer uma temporada de excelência.

Depois de já ter derrubado o Arsenal, em fevereiro do ano passado, com um claro 3-1, o Monaco de Jardim voltou a fazer sensação e prepara-se para lutar pelos oitavos de final num grupo muito equilibrado, com Bayer Leverkusen e CSKA Moscovo.

Se nos lembrarmos que já esta época bateu o inalcançável Paris Saint-Germain e arrancou em grande estilo no campeonato gaulês a ideia ainda ganha mais força: Leonardo Jardim merece mais. Merece uma equipa com melhores argumentos, com que possa lutar de igual para igual por títulos.

Até lá, quem não acreditar no Monaco pode dar-se mal.

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LUÍS MATEUS é o Diretor do MAISFUTEBOL e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».