José Mourinho conseguiu o que bem cedo se adivinhou: levou o Chelsea ao lugar mais alto do futebol inglês cinco anos depois e regressou, também ele, aos títulos de campeão nacional, três temporadas após a liga espanhola de 2011/12. 

O que não era normal era o jejum, a seca de conquistas.

Na verdade, acredito que o treinador português e o sucesso andam sempre a ameaçar cruzar-se, por culpa da competência e do controlo que o Special One tem sobre o jogo.

Mourinho e o Chelsea 2014/15 foram, sobretudo, controlo.

Numa época de muitos altos e alguns baixos - a eliminação na Taça de Inglaterra frente ao Bradford e o afastamento nos oitavos de final da Liga dos Campeões perante o Paris Saint-Germain -, os Blues mostraram-se sempre mais estáveis e mais regulares que qualquer dos outros candidatos à Premier League, como o campeão em título Manchester City, os projectos ainda frescos de Liverpool e Manchester United e um Arsenal a quem parece sempre falta qualquer coisa.

Mais, 2014/15 foi a confirmação de que a Premiership anterior, ganha ao sprint por Pellegrini tinha sido perdida mais por falta de consolidação ainda do Chelsea, que se mostrou sobretudo em jogos contra não-candidatos, do que propriamente pela superioridade do conjunto de Manchester.

Sobretudo a nível europeu, sente-se que os londrinos ainda podem crescer. Não será estranho se a próxima temporada, com uns retoques ainda no plantel, talvez no setor defensivo, a candidatura a patamares finais da competição tenha maior peso na preparação da temporada.

Para já, Inglaterra já é Blue outra vez. Clap hands!

Destaque também para o Benfica, que passou, com nota alta, o teste que era a visita a Barcelos, talvez o jogo mais importante até à confirmação do título. Com bom futebol, os encarnados ficam a duas vitórias da festa, ainda podendo desperdiçar um match point. As contas ficam mais complicadas para o FC Porto, que, no entanto, volta a mostrar que desistir não está no seu ADN, passando, como tem sido frequente historicamente, no Bonfim.

O Boavista de Petit também garantiu a permanência na Liga. Um excelente trabalho do jovem treinador sobre um plantel cheio de desconhecidos e com várias limitações que sempre soube esconder. Não é um futebol que se elogie pela beleza, mas mostrou-se eficaz e, com justiça, estará entre os maiores do futebol português na próxima temporada.

Mais um golo de Bernardo Silva significa que o ex-Benfica já leva oito na Ligue 1. É o segundo melhor marcador da equipa e está mostrar o que se adivinhava pelo seu potencial, com uma margem de crescimento ainda grande. Os portugueses estão bem no Monaco, com Moutinho a marcar e a assistir também, e Ricardo Carvalho a prolongar-se no tempo com qualidade. Excelente trabalho de Leonardo Jardim, que voltou a mostrar que sabe potenciar, ou se preferirem, espremer grupos de trabalho até ao limite. O terceiro lugar está cada vez perto de ser garantido, e, olhando para os outros candidatos, será um excelente resultado.

Cristiano Ronaldo também fez um hat-trick, e o melhor elogio que lhe podemos fazer é reafirmar que já é tão natural que muitas vezes nos esquecemos de o elogiá-lo. Fundamental em Sevilha, num jogo que se adivinhava muito problemático para um Real Madrid com baixas importantes. A luta continuará até ao fim. Com o Barça e, claro, com Messi.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».