Naquele que terá sido talvez o seu clássico menos conseguido, o FC Porto venceu o Sporting, manteve uma vantagem confortável para o outro rival, o Benfica, e terá afastado quase definitivamente os leões da luta pelo título.

Menos conseguido, porque se olharmos para as oportunidades e para os períodos de domínio, este terá sido, nos embates entre os dois candidatos, aquele em que a equipa de Sérgio Conceição foi menos superior, ao ponto de o empate até assentar melhor à partida. O mesmo empate que esteve no pé direito do jovem Rafael Leão, já perto do fim, ou aquele que esbarrou no corpo de Casillas, empurrado por Montero.

Na perspetiva de Conceição e companhia – e que se entende na plenitude –, o mais importante foi conseguido, e o FC Porto terá mesmo dado um passo quase definitivo rumo à festa.

Tão eficaz, objetivo e direto como antes, um pouco menos explosivo do que o costume, o FC Porto reforçou, com o clássico, o estatuto de maior favorito ao título de campeão.

Na caminhada até ao fim da Liga, há três deslocações que sobressaem: Luz e Barreiros em abril, e Guimarães, na última jornada. Se não perder pontos na visita ao Benfica, e apesar de ser natural o crescimento da ansiedade à medida que se aproxime a grande decisão, dificilmente algo mais fará tremer um Dragão que tem estado imparável a nível interno. Ou seja, se conseguir controlar as emoções, os portistas já mostraram esta época serem capazes de ultrapassar com relativa facilidade encontros de aparente elevada dificuldade como os descritos acima.

Se os dois candidatos mantiverem os 100 por cento de aproveitamento nas próximas partidas, o FC Porto terá pela frente um Benfica mais consistente, mas que quererá destruir o argumento de que chegou tarde a esta Liga. O conjunto de Rui Vitória está obrigado a bater os dragões, e mesmo assim continuará a depender de outros para alcançar o penta. É aqui que as coisas complicam para os encarnados: a olhar para o ritmo atual do adversário e a facilidade com que se desembaraça dos obstáculos será talvez esperar demasiado.

Não será só um Benfica mais consistente, mas também um mais produtivo e jogar um bom futebol, assente numa crescente confiança. Na Luz, encontrar-se-ão, mais uma vez se nada de anormal acontecer até lá, as duas melhores propostas da temporada: de um lado um futebol agressivo, físico e explosivo, mas também direto, objetivo e muito eficaz; do outro um outro mais apoiado, feito de triangulações, movimentações, laterais projetados e jogadas ao primeiro toque, com Jonas – mais uma vez o melhor da Liga – a pincelar com classe sempre que é chamado a participar.

Mais atrás, o Sp. Braga continua a fazer o seu campeonato tranquilo, sem verdadeiro adversário na luta pelo quarto lugar (+ 18 pontos do que o 5º) e a espreitar um final de época mais dececionante de um dos grandes, neste caso em teoria estará mais perto disso o Sporting, mais vulnerável depois do clássico, para ainda chegar ao pódio (- 4 pontos). A equipa de Abel Ferreira recebe precisamente os leões no final do mês num embate que será mais ou menos importante consoante a diferença pontual entre os dois conjuntos nessa altura.

O trajeto dos arsenalistas merece elogios, e sobretudo dá bons sinais para a próxima época. Com um plantel já extremamente equilibrado, quem sabe se com ou outro ajuste e face ao desinvestimento dos rivais, o Sp. Braga não possa lutar finalmente de igual para igual com os eternos candidato. Essa é uma resposta que só teremos dentro de meses, para já o terceiro lugar está à vista.