A estrondosa vitória do FC Porto no Mónaco tem para mim um grande responsável, além de Aboubakar e do muito bom trabalho que tem vindo a ser feito por Sérgio Conceição. O Besiktas.

Não sei se o treinador tinha ou não, antes da estreia na Liga dos Campeões, este plano B (será até, eventualmente, um plano C) em equação, mas a verdade é que a derrota frente aos turcos, e o que esta demonstrou a nível de fragilidades na transição defensiva, terá convencido o técnico a partir para jogos de dificuldade um pouco mais elevada com uma estratégia mais focalizada ou até com uma mudança de sistema. A primeira nuance verificou-se frente ao Rio Ave, com uma pressão mais direcionada do que febril, e a segunda hoje, no Principado.

Não há nada de mal em olhar para os adversários e tentar anular as probabilidades de este nos fazer mal. Não é a arrogância que faz uma equipa grande, mas sim a forma como ganha, como domina e como controla uma partida. O FC Porto foi no embate com o conjunto de Leonardo Jardim uma equipa grande, embora tivesse colocado mais um médio – o mesmo médio a mais que Conceição desvalorizou, depois do Besiktas, caindo em cima dos que achavam que um meio-campo a dois na Champions era risco demasiado grande – e em certos momentos até se tivesse disposto em campo mais em 4x5x1 do que em 4x3x3. Pouco relevante. Foi personalizado a defender, inteligente na pressão na zona central, limitando Moutinho e Fabinho, soube sair do pressing contrário com categoria – brilhante o movimento coletivo que vale o segundo golo de Aboubakar –, ser mais agressivo que o rival na procura da bola – valeu-lhe dois golos – e até justificar as pitadas de felicidade que teve nas recepções menos conseguidas por Diakhaby e Falcao quando seguiam isolados para a baliza, ou no remate do colombiano à trave, apesar do 0-2 já no marcador.

Voltando ao Besiktas, convém lembrar que o próprio Sérgio Conceição tinha contrariado por antecipação as palavras que proferiria dias depois, ao mexer ao intervalo no meio-campo a dois (Óliver) e no extremo do lado direito (Corona). Algo não estava bem. Ou seja, se é muito verdade que a dinâmica defensiva por parte dos avançados e os extremos é importante para reequilibrar a equipa, também a Champions tem jogadores que provocam bem mais problemas do que os da liga portuguesa.

A derrota com os turcos acabou por trazer mais bem do que mal, pelo menos até ver.

Reforçando o essencial: excelente o triunfo portista, e muito bem Sérgio Conceição não só na forma como montou a equipa como também soube adaptá-la às circunstâncias.

Essa faceta mais estratégica deste FC Porto, desde o início sempre demasiado emocional, torna também o clássico do próximo domingo ainda mais interessante.