Missão cumprida!

Portugal estará no próximo Campeonato da Europa, e com toda a justiça.

Fernando Santos, como selecionador e fator unificador de todo o grupo, restantes técnicos a começar por Ilídio Vale, que substituiu o treinador principal durante o castigo staff e jogadores utilizados em toda a campanha estão de parabéns

Foram, desde o início, um exemplo de profissionalismo e entrega total a um objetivo comum. Não há que ter dúvidas sobre isso. Não houve um jogo em que não se notasse uma Seleção compacta e unida.

É – sublinhe-se a nona fase final consecutiva de uma grande competição para Portugal, a sétima seguida para a sua maior referência: Cristiano Ronaldo. O que, para um país como o nosso, é fantástico. 

Com o aumento do número de apurados para o torneio decisivo e a qualificação de duas equipas diretas em cada grupo e melhor terceiro entre todos, mais quatro a partir de um play-off com todos os outros terceiros, seria reconheça-se muito difícil ficar de fora do próximo Euro.

Fernando Santos não quis correr riscos depois de um Mundial dececionante e recuperou alguns proscritos, a equipa juntou forças e manteve-se fiel a essa filosofia anti-risco, garantindo o primeiro lugar a uma jornada do fim. E já não estávamos habituados mas, desta vez, ninguém teve de ir buscar a calculadora!

Há um ou outro ponto a carecer de atenção

Ao longo de toda a caminhada, Portugal esteve longe do brilhantismo exibicional e conseguiu mesmo algumas vitórias importantes só ao cair do pano. Que valem o mesmo que as outras, mas deixam, obviamente, alguns alertas para o futuro.

Portugal pareceu sempre uma seleção no seu limite, com pouco espaço de crescimento, que foi sim, como já sublinhei, sempre respondendo em termos de resultado. Não sei se chegará ou não no Europeu, mas creio que todos gostaríamos de ver um pouco mais futebol na equipa nacional.

É por isso que acho que a missão mais complicada do selecionador nacional começa agora.

Se os sinais sonoros da não-renovação tocaram a rebate com a chamada de alguns jogadores veteranos e manutenção de um ou outro que já andam longe das performances de outrora, a verdade é que Santos tem sabido encontrar espaço aqui e ali para algum sangue novo, do qual Danilo e Bernardo Silva têm sido as apostas mais consistentes.

Temos agora uma fase final que será, muito provavelmente, o fim de linha de vários jogadores.

Há uma boa fornada para a sucessão nos sub-21 e mesmo alguns valores a emergir, como é o caso de Nélson Semedo, e que foi justamente premiado pelo técnico.

Qualidade não falta, até em posições que em outros tempos Portugal andava deficitário: laterais, centrais e pontas de lança por exemplo.

O horizonte parece risonho, e caberá a Fernando Santos ir abrindo as portas. Certamente que não as escancarará, porque não é essa a sua filosofia, mas creio que terá consciência de que devem ficar entreabertas.

Obviamente que muitos de nós teriam feito as coisas de forma diferente. O próprio Paulo Bento deixou no ar que uma das razões da sua saída teria sido ter andado contra o desejo da federação em renovar mais a equipa. E o selecionador chegou, fez as coisas à sua maneira num sentido talvez mais bentista que o próprio e terá certamente convencido grande parte ou toda a gente na federação de que as suas ideias fazem todo o sentido.

E fizeram, porque conseguiu o que queria.

Agora, falta o resto. A começar já hoje. Mãos à obra!

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».