Portugal é campeão da Europa de futsal, ano e meio depois de Paris, mais coisa menos coisa.

Há quem encontre paralelismo nos triunfos conseguidos no prolongamento, nas lesões de Ricardinho e Cristiano Ronaldo e até no dia 10 no calendário para chegar a uma conclusão quase inevitável: foi o destino.

Terão faltado as traças para completar o cenário. Faltou também a toda-poderosa Espanha jogar em casa, mas os seus sete títulos no currículo eram suficientes só por si para considerá-la um obstáculo de muito difícil ultrapassagem. Até os resultados dos confrontos anteriores entre os dois países ibéricos o sublinhavam. A montanha, não se enganem, era enorme.

No entanto, quem acompanha a modalidade de perto sabe que vencer um grande torneio seria mais cedo ou mais tarde o destino de uma seleção portuguesa, e não precisaria de nenhuma dessas coincidências esotéricas.

A forma como florescem os clubes de futsal em Lisboa e Porto e ainda mais na sua periferia – por exemplo, o emblema que reivindica o maior número de atletas federados do país não é nem Benfica nem Sporting, reside em Porto Salvo, Oeiras – e o trabalho que tem sido feito a nível técnico e tático desde tenra idade com um número cada vez maior de praticantes iria sempre dar frutos rapidamente.  

A Liga também evoluiu com o investimento dos grandes fora do país, acrescentando-se qualidade sem tapar o desenvolvimento do talento português. Também o caminho será a curto/médio prazo o profissionalismo de todos os clubes do primeiro escalão, uma realidade que ainda parece algo distante face às verbas que envolve. Uma coisa é certa: se a aposta da Federação foi forte até aqui, agora ainda haverá maiores razões para reforçá-la.

Com uma Seleção muito madura, com os jogadores todos conscientes do seu papel e com um Ricardinho a dar, como sempre, tudo ao jogo com uma classe inigualável, Portugal chegou à vitória que tanto perseguia. Foi a melhor equipa e, apesar de um momento ou outro de maior felicidade em Ljubljana, provou-o do princípio ao fim.

Ljubljana, tal como Paris para o futebol de 11, marcará certamente as gerações de novos jogadores e inspirará outros, fazendo com que um futsal que já floresce, cresça e dê ainda muitos mais frutos no futuro. Isto só agora começou!

Parabéns, campeões!