As primeiras palavras para o Clássico. É o FC Porto quem sai reforçado da visita a Alvalade. Não com o aumento da diferença, mas com uma exibição que sustenta as ideias do treinador, aqui e ali retocadas em nome de uma maior segurança, e mantém o moral lá em cima. Sustenta-as de tal maneira que leva Sérgio Conceição a confirmar publicamente que disse aos seus jogadores que vão ser campeões, e ao próprio a reafirmar na sala de imprensa que não veio para aprender, mas sim «para ensinar».

Percebe-se a euforia pelo contraste com os últimos anos, e até quando comparada a força do seu futebol com o dos três rivais neste momento. Por outro lado, também é verdade que os testes não acabaram. Há um em cada uma das 26 jornadas que faltam até ao final do campeonato. Para já, tudo (quase) perfeito!

José Mourinho continua disposto a provar que as suas segundas épocas são sempre melhores do que as primeiras, e o Manchester United arrancou firme para ao que parece ser, a esta distância, uma grande temporada.

Os Red Devils são líderes, a par dos Citizens do arqui-rival Pep Guardiola e do compatriota Bernardo Silva. O trajeto dos dois gigantes, que têm feito nos últimos anos investimentos avultados, é aliás muito semelhante. Seis vitórias e um empate para ambos, com o United a perder pontos na visita a Stoke e o City, em casa, com a receção ao Everton. Os mesmos dois golos sofridos, e mais um marcado pelos Sky Blues (22 contra 21). Aquela aura de técnico mais racional e fechado, com pouco golo, parece estar a dissipar-se em Old Trafford.

Se o Manchester City investiu bem e muito, o Manchester United foi mais cirúrgico, depois dos 105 milhões gastos em Pogba – até agora tem reagido bem à lesão grave da super-estrela. Nemanja Matic teve um impacto fantástico no meio-campo, oferecendo uma versatilidade que Fellaini e Herrera estavam longe por si só de conseguir, e Lukaku acrescentou uma força física avassaladora e já sete golos, mais um do que Morata, Agüero e Harry Kane. A defesa também estabilizou em Phil Jones e num Bailly mais evoluído, relegando o reforço Lindelöf para o banco, e Mkhitaryan voltou finalmente ao seu melhor, já com cinco assistências para golo. Há depois a fiabilidade de sempre em Mata, Valencia, Young, e a irreverência e explosão de Lingard e, sobretudo, Rashford. José Mourinho ainda conseguiu recuperar Martial, conseguindo desempenhos importantes do francês, quando já lhe apontavam a porta de saída de Old Trafford.

Chegará para a orquestra meticulosamente montada neste City? O primeiro round na Premier League chega em dezembro, e até lá o caminho não é nada fácil para os Red Devils: Liverpool (8 ª jornada), Tottenham (10ª), Chelsea (11ª) e Arsenal (15ª), com os rivais a defrontarem apenas os Gunners na 11ª. O treinador português, depois de ele próprio ter parecido algo perdido em alguns momentos do passado recente, volta a ter uma equipa equilibrada, moralizada e candidata ao degrau mais alto do pódio. Muito bem!

City e United têm cinco pontos de avanço para o Tottenham, e seis para o campeão Chelsea e o Arsenal. Qualquer prognóstico, e o exemplo do ano passado está ainda quente, é obviamente arriscado numa liga como a inglesa, mas os sinais têm sido bem positivos.

Uma das equipas mais entusiasmantes da Europa, nesta altura, é o Nápoles de Maurizio Sarri. Os Partenopei  lideram a Serie A depois do empate da Juventus em Bérgamo, com um pleno de sete triunfos. Com uma estrutura reforçada aqui e ali com mais alguma qualidade, e apesar de mais uma lesão do avançado polaco Milik, substituto de Pipita Higuaín – que também atravessa uma fase menos boa em Turim –, a equipa tem-se desembaraçado dos adversários, apresentando muito bom futebol e marcando muitos golos. É o melhor ataque do calcio com 25.

Dries Mertens é a grande figura com sete golos, mais três do que Callejón, que soma ainda duas assistências. Insigne leva quatro passes decisivos, Ghoulam três. Individualidades que sobressaem no interessante tecido coletivo criado por um dos treinadores europeus mais carismáticos da atualidade.

Mais do que a posição na tabela, o Nápoles entusiasma pela filosofia e pelo futebol praticado, que tem corrido mundo através das redes sociais. O grau de dificuldade vai permanecer alto, já que se segue a Roma (8ª), depois o Inter (9ª) e ainda o Milan (13ª) antes do embate com a hexacampeã Juventus, em dezembro, mas a qualidade é grande e há legítimas aspirações a quebrar o longo reinado da Veccha Signora.

Na Alemanha, cinco pontos separam o líder Borussia Dortmund de Bayern Munique e Hoffenheim. Peter Bosz pegou no legado de Thomas Tuchel, e para já está a aproveitar o desnorte do pentacampeão, que até despediu Carlo Ancelotti. Pierre-Emerick Aubameyang continua de pontaria afinada (8 golos), tanto como Lewandowski, e Maximilian Philipp (ex-Friburgo) pegou de estaca (4).

O gabonês, Kagawa, um recuperado Götze, Sokratis, Piszczek, Gonzalo Castro, Sahin, Schürrle e Yarmolenko, entre outros, conferem a experiência necessária a um conjunto carregado de irreverência e juventude, com nomes como Pulisic, Raphael Guerreiro – infelizmente ainda lesionado –, Zagadou, Dahoud, Sancho e Isak.

Se chega para voltar aos títulos só o tempo o dirá, mas no mínimo aparenta já ser o Dortmund mais equilibrado dos últimos tempos. O embate com os bávaros chega no início de novembro.