A PSP decidiu instaurar um "procedimento disciplinar contra o elemento policial", na sequência das agressões a uma família em Guimarães (veja aqui as imagens), após o jogo de futebol Vitória de Guimarães/Benfica. 

"No final do jogo, nas imediações do estádio, ocorreu uma intervenção policial que resultou na detenção de um cidadão. Esta ocorrência foi filmada em direto por uma estação de televisão e amplamente divulgada. Após o visionamento das imagens em questão, a PSP decidiu instaurar procedimento disciplinar contra o elemento policial que consumou a detenção", lê-se em comunicado.


O Ministério da Administração Interna anunciou também esta segunda-feira que vai ser aberto um inquérito ao caso.
 
                                               (Clique na imagem para ver o vídeo)


O Ministério Público ordenou a abertura de um inquérito à detenção. Segundo uma advogada de um dos populares envolvidos na rixa, Sónia Carneiro, o seu cliente, que foi constituído arguido, ficou apenas sujeito a termo de identidade e residência, a mais leve das medidas de coação.

"O Ministério Público entendeu que não tinha elementos suficientes para submeter o meu cliente a julgamento, pelo que vamos ter um inquérito que seguirá os seus trâmites normais", acrescentou.

Domingo, depois do jogo que deu o título de campeão nacional de futebol ao Benfica, após empate com o Vitória de Guimarães, dois homens, pai e filho, acompanhados de duas crianças, foram agredidos por um agente da PSP junto ao Estádio D. Afonso Henriques, com a agressão a ser filmada por uma equipa do Correio da Manhã TV (CMTV). 

O auto policial da ocorrência sustenta que o adepto do Benfica, José Magalhães, cuspiu e insultou o agente da PSP que acabou por o deter com violência, confirmou a TVI. À saída do tribunal, o benfiquista  negou ter cuspido
 ao agente de autoridade e explicou o que aconteceu
antes das agressões.  Já a advogada foi mais longe e disse que o  auto da polícia foi "manipulado"
.  
 

Outros episódios de violência


No mesmo comunicado enviado às redações, a PSP dá também conta que, no final do mesmo jogo, um conjunto de adeptos "provocou diversos danos no mobiliário existente no local, com destruição parcial de alguns WC e Bar (do recinto desportivo) e o arrombamento de uma arrecadação de material e consequente furto de merchadising afeto a outro grupo de adeptos". Veja aqui 
as imagens. 

Seis pessoas foram detidas, "por desobediência, injúrias, ameaça com réplica de arma de fogo e posse de artigos pirotécnicos". Dois polícias ficaram feridos, "desconhecendo-se o número de cidadãos que igualmente possam ter sido assistidos", relata ainda o mesmo comunicado.

A violência
começou ainda antes do jogo, com confrontos entre adeptos das duas equipas. Os adeptos do Benfica deixaram um rasto de destruição
dentro do estádio D. Afonso Henriques. 

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira reagiu a estes episódios, lamentando o que aconteceu, e afirmou que o futebol « não pode pactuar
com qualquer tipo de violência».
 

Festa em Lisboa manchada por desacatos

O Benfica garantiu domingo o 34.º título de campeão nacional, segundo consecutivo, com um empate 0-0 no terreno do Vitória de Guimarães. 

Logo na cidade-berço rebentou a euforia da equipa do Benfica  (veja aqui
as imagens). Quando chegou a Lisboa, foi recebida no Marquês de Pombal
por dezenas de milhares de adeptos do Benfica (um drone). No entanto, os  festejos acabaram em confrontos
entre a polícia e alguns adeptos, tendo resultado em alguns feridos entre ambas as partes.

No comunicado
, a PSP elenca os episódios de desordem que registou:  

- "Cerca das 21:45 do dia 17, uma desordem e consequente intervenção policial no interface de transportes públicos do Campo Grande, envolvendo adeptos de dois clubes de que resultaram três cidadãos feridos e dois polícias
";  

- "Cerca da 01:20 do dia 18, ocorreu um incidente de segurança nas imediações do Parque Eduardo VII (veja aqui as imagens), com alterações graves da ordem pública devido a uma altercação entre alguns adeptos que li se encontravam, que incluiu o arremesso de objetos diversos
, nomeadamente garrafas de vidro (...). Aquando da intervenção policial, os intervenientes na rixa atiraram garrafas de vidro e outros objetos aos polícias"

- "Durante o restabelecimento da ordem pública ficaram feridos 16 polícias
com escoriações várias, devido sobretudo ao arremesso de pedras, garrafas de vidro e material pirotécnico, havendo um veículo da divisão de trânsito com um vidro partido"
 
              ( Clique na imagem para ver os incidentes no Marquês de Pombal [ Foto: Lusa] )


Feitas as contas, em Lisboa, 13 pessoas foram detidas por posse de material pirotécnico e por agressões aos polícias em serviço. Foi ainda apreendido material pirotécnico diverso, "o qual está ainda a ser analisado e contabilizado". A PSP recebeu ainda 13 queixas por roubos ocorridos na via pública, durante os festejos.

Os confrontos duraram madrugada fora
e só pelas 04:00 foi restabelecida a ordem pública nas imediações do Marquês do Pombal.

No Porto, também foi necessário intervir em vários pontos da cidade, pelos "excessos cometidos no âmbito dos festejos, mas que foram pontualmente restabelecidos sem intervenções de maior emprego operacional". Durante a operação, foram detidos "7 cidadãos por tráfico de droga, posse de artigos pirotécnicos, posse de arma proibida e mandado de detenção".

No total da operação policial foram detidos 26 cidadãos, por motivos diversos. A PSP lamenta que os eventos festivos tenham degenerado em situações de violência que exigiram a intervenção policial para repor a ordem pública e garantir a segurança de pessoas e bens.

O Ministério da Administração Interna determinou, entretanto, à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de dois inquéritos aos incidentes ocorridos em Guimarães e em Lisboa que envolveram adeptos de futebol e elementos da PSP.