Pergunta: pode uma equipa que tem uma arma secreta como Nuno Gomes não se afirmar como candidata ao título? Poder, pode... mas não faz sentido nenhum. Por uma razão simples, o avançado tem o dom dos golos. E nisto do futebol, já se sabe, ter alguém com o dom dos golos chega a ser precioso.

A vantagem de ter alguém como Nuno Gomes é mesmo esta: saber que se trata de um jogador singular, que nesta fase funciona muito melhor saído do banco. Ora por isso, e perante a iminência de não se encontrar o caminho para o golo, Leonardo Jardim lançou o avançado no momento certo.

Nuno Gomes, o único jogador com nota máxima

A meia-hora do fim, claro. Nuno Gomes entrou e da primeira vez que tocou na bola obrigou Adriano a excelente defesa. Logo a seguir, três minutos depois, fez a diferença numa bomba que saiu dos pés dele sem defesa. O Sp. Braga chegava por fim ao golo que tanto procurara, e podia tranquilizar-se.

A partir daí as coisas ficaram bem mais simples, é verdade. Antes disso, de resto, tinha sido percorrida cerca de uma hora de intenso domínio, mas óbvias dificuldades para marcar. O Sp. Braga dominava, procurava jogar pelas alas, insista na direita e na esquerda, colocava bolas na área, mas não marcava.

Perceba melhor a eficácia de Nuno Gomes

Nesse aspecto Lima teve uma tarde desastrada. Falhou uma, outra, mais outra e ainda outra: sempre na zona de finalização. Djalmal também não acertou na baliza e até Hugo Viana da zona de penalty viu Adriano afastar um golo certo para canto. Era um jogo a pedir Nuno Gomes: até pelo que isso significa.

A entrada do avançado é daquelas que mexe o jogo a partir da parte de cima: do cérebro dos jogadores. Significa muita coisa, significa por exemplo que as bancadas se animam, significa que a pressão em cima da baliza adversária vai aumentar e significa que é altura do rival que está do outro lado se assustar.

O Gil Vicente, refira-se, tinha sido digno, mas pouco mais do que impotente. É verdade que tentava defender longe da baliza de Adriano, tentava até sair a jogar com a bola no pé, mas todas as boas intenções pareciam pequenas perante tamanha incapacidade para criar perigo. Só aos 79 minutos ameaçou.

Sabe quem foi a surpresa deste jogo?

O Sp. Braga por isso justificava o golo muito antes de Nuno Gomes o marcar. Depois, e a partir do momento em que Éder foi expulso por travar Lima em cima da linha de grande-área, o jogo ficou decidido. Hélder Barbosa (excelente exibição) fez o segundo num chapéu com arte, trazendo justiça ao jogo.

É certo que depois Cláudio reduziu, infligindo o primeiro golo a este Braga, num penalty bem assinalado. Mas nem chegou a lançar a dúvida: Nuno Gomes bisou logo a seguir. Por isso faz bem o Sp. Braga em assumir-se como candidato ao título. Com um arma secreta como Nuno Gomes faz todo o sentido.