Abel Ferreira, treinador do Sp. Braga, em declarações no final da derrota (3-1) no Estádio da Luz frente ao Benfica:

«É preciso valorizar o que foi o jogo. Uma equipa do Sp. Braga a jogar olhos nos olhos com o adversário e a querer vencer o jogo. O Benfica foi muito eficaz e não é de hoje. A veia concretizadora do Jonas não é de hoje, por exemplo. Nós tivemos a nossas ocasiões para marcar, mas não conseguimos.

O Benfica para além da qualidade que tem com a bola, aproveita muito bem os momentos de transição. O segundo golo é de uma inteligência de quem já anda há muitos anos nisto: a bola vai no ar e o Jonas espera na zona onde ela vai cair.

Na segunda parte estava 2-1, fizemos o segundo golo. A minha assessoria diz-me, e é isso que eu também vejo, que o segundo golo é limpo e voltaríamos a entrar no jogo com o 3-2. O vídeo-árbitro está aí para evitar estas situações, mas enfim.

Jogámos contra uma equipa que fez apenas uma alteração e com um reforço de grande qualidade. Este jogo por isso era uma forma de nos testarmos e para fazer as três perguntas mágicas: o que significou este jogo para nós, o que aprendemos com ele e o que vamos fazer da próxima vez? Vamos agora seguir o nosso caminho mais fortes.

O que eu gostava de ter mais visto hoje eram onze Hortas dentro de campo. Onze jogadores cheios de fome de ter bola.

Eu sabia que o Benfica ia estar com o estádio cheio, a celebrar ainda o título de campeão, e sei que estas equipa destestam não ter a bola, destestam ter um adversário a pressioná-los. Foi isso que fizemos e agora vamos seguir firmes e fortes no nosso caminho.

Nós temos um orçamento de 15 milhões e os nossos adversários têm orçamentos de 150 milhões. A tendência até é para aumentar, se não se fizer nada contra isso. Mas há uma possibilidade de andarmos pelo meio deles e é isso que vamos tentar.

A nossa ambição é fazer mais com menos. Temos o direito a sonhar, a ter objetivos e a lutar por eles. Existe uma grande diferença de orçamentos, mas hoje mostrámos que é possível chegar ao Estádio da Luz e fazer três golos, um deles bem anulado.

Mas se calhar é preciso haver uma distribuição financeira mais justa entre todas as equipas. É fácil para um clube grande chegar a Braga e levar o meu melhor jogador. É contra isso que temos de lutar. Faço-vos este desafio: se isto continuar assim, onde é que vai parar? Depois é mais difícil inverter a tendência e serão sempre os mesmos a ganhar.

Quero ver o Benfica na Liga dos Campeões, frente a adversários como o Real Madrid, o Bayern Munique ou o Barcelona, que têm orçamentos de 400 ou 500 milhões. Por muito que outros treinadores, como Rui Vitória, tentem, é difícil. É como acontece em Portugal connosco.

Mas eu tenho visto o quanto o Sp. Braga tem crescido nos últimos anos, por isso temos a legitimidade de pensar em estar entre os primeiros quatro.»