A Assembleia Geral do Sporting destinada a analisar e votar a proposta de alienação de património vai realizar-se no próximo dia 17 de Março, em local e hora ainda por definir, anunciou esta quinta-feira o presidente dos leões, Filipe Soares Franco, em conferência de imprensa destinada a esclarecer alguns aspectos da proposta por si encabeçada.
O dirigente reafirmou ainda a sua posição: caso a proposta não seja aprovada, apresenta a sua demissão, continuando à frente do Sporting apenas até à realização de eleições «por uma questão de estabilidade, já que o Sporting tem dinheiro em caixa para viver e tem cumprido os compromissos, mas entra em desacordo com o que foi estabelecido com os bancos». Soares Franco prevê que, caso a alienação dos quatro edifícios seja aprovada pelos sócios, juntamente com a venda de 27 das acções da SAD e os 5,5 milhões de receitas previstas pela venda de jogadores em cada temporada, o clube pode reduzir o endividamento a curto prazo em 90 a 105 milhões de euros.
Soares Franco reafirmou também que a sua Direcção não está a violar o artigo 32º dos estatutos do clube, ao contrário do que tem sido sustentado por vozes críticas, com destaque para Dias Ferreira, mas remeteu mais esclarecimentos para um comunicado do Conselho Fiscal a ser divulgado no site do clube.
Expondo aquilo que no seu entender são as principais razões para a realização da AG, Soares Franco lembrou que o património do Sporting está avaliado em 300 milhões de euros mas salientou que «o maior património é desportivo e não imobiliário», pelo que defendeu um projecto destinado a «tornar o Sporting mais global e aliciante, com um projecto desportivo vencedor, e a bandeira de um Sporting europeu.»
Com um passivo de 277 milhões, um défice de tesouraria de 16,7 milhões e um conjunto de investimentos em infra-estruturas de 185 milhões (dos quais 142 para a Academia e o futebol), Soares Franco defendeu que a alienação de património (a venda do edifício da SAD e do Alvaláxia) é o caminho a seguir para obter estabilidade e crescimento desportivo. O projecto de reestruturação assinado em Junho de 2005, com as instituições bancárias, prevê a realização de 5,5 milhões de euros com a venda de jogadores a cada temporada, mas Soares Franco salienta: «Com a venda dos quatro edifícios e a receita estimada de 25 milhões, mais os 5,5 de mais-valias, o Sporting poderá estar depois quatro ou cinco anos sem a obrigação de vender jogadores.»
Sobre o momento actual do clube, Soares Franco lembrou que o Sporting realizou, no início da temporada, 6,7 milhões de euros com as vendas de Rochemback e Enakharire, o que lhe dava uma margem de 1,2 milhões para aquisições. Como gastou 9,2 com Edson, Manoel, Deivid, Labarthe, Luís Loureiro, Tonel, Wender e João Alves o saldo negativo foi de 8 milhões. Juntando-se os 4 milhões de receitas estimadas e não realizadas na UEFA, mais 1 milhão não atingido de quotizações, o défice atingia 13 milhões, a que se juntam os 3,6 milhões provenientes das verbas do futsal, andebol, atletismo, jornal do clube e do multidesportivo.
«É preferível aprovar primeiro este projecto e ouvir depois os restantes candidatos do que rejeitar à partida esta situação. Aceito as críticas construtivas e algumas não o têm sido», concluiu o presidente do Sporting.