A figura: Cardozo

Era a melhor arma do Benfica para atacar o leão, antes da partida, e confirmou-o depois. Ninguém tem mais golos marcados ao Sporting do que Cardozo, no plantel encarnado. Vítima do pouco jogo criado pela equipa durante muitos dos minutos do primeiro tempo, o Tacuara apareceu depois do golo leonino. Aos 36 minutos, testou Rui Patrício com um remate forte, de fora da área. A seguir, deu uma cabeçada valente na bola, que saiu ao lado da baliza do português. Na segunda parte, empurrou o Benfica para o empate. Cruzamento de Ola John e Cardozo cabeceou, com Rojo a fazer o autogolo. Ora, tudo isto, soube-se mais tarde, era um teste à pontaria do paraguaio. Que da marca de penalty lá meteu mais um ao Sporting, com uma calma olímpica e sem dar hipóteses a Patrício. Ora, como tem mais recursos do que o pontapé de canhota, bateu o guarda-redes do Sporting de cabeça, para o 3-1.Como se caçam leões? Com o Tacuara, que está perto, muito perto dos cem golos na Liga.

Positivo: Salvio

Tremenda reação do argentino a uma primeira parte apagada. Nos 45 minutos iniciais esteve muito abaixo do desejado e nada lhe saiu bem. Tentou dribles, tentou desmarcações e não desequilibrou como a equipa pedia. Depois do intervalo, surgiu como novo. Abriu espaços na direita, rasgou a defesa do Sporting, tanto na linha como pelo meio. Tentou o golo, mas Patrício negou-lhe e depois quando o ia gritar, Boulahrouz impediu-o com a mão. Cardozo completou o trabalho da marca de penalty.

Negativo: Jardel

O regresso de Luisão tirou-lhe minutos. Pelos vistos, tirou-lhe discernimento e confiança também. Esteve muito nervoso no jogo, errou passes fáceis e, pior do que isso, não percebeu a desmarcação de Van Wolfswinkel na jogada do golo. Perdeu em velocidade, deixou o holandês segurar a bola à vontade e meter em Capel. O resto foi para Garay, que não ficou isento de culpas no 1-0. Jardel tinha estado em bom nível quando foi preciso substituir Luisão. Hoje, percebeu-se o capitão do Benfica faz muita falta. Valeu que o camisola 33 acompanhou a subida de produção da equipa no segundo tempo.

Outros destaques

Matic

Como correu o sérvio, como leu jogo, como ajudou os colegas. Viu-se obrigado a arriscar mais do que previsto, certamente, devido à boa pressão leonina a meio-campo, no primeiro tempo. Mas Matic respondeu à altura. Tentou não ser apenas um 6. Aliás, o sérvio dá provas de que é muito mais do que isso e num esquema de 4x4x2 isso traz vantagens óbvias à equipa. Lutou imenso com o miolo contrário e, quando se olha para o resultado, só se pode dizer que ganhou essa batalha. Não esteve sozinho, obviamente, na estreia em derbies.

André Gomes

Único português titular no Benfica neste derby, o primeiro da vida de André Gomes. Não é fácil ter de mandar no meio-campo encarnado frente ao rival de sempre. Mas André Gomes fez da dificuldade uma coisa banal. É verdade que nem sempre conseguiu decidir bem. Mas olhe-se para o bilhete de identidade. Ou cartão do cidadão, pronto, que tem mais a ver com a geração a que pertence este médio do Benfica. Uma das principais razões para os encarnados subirem de rendimento na segunda parte esteve ali, mesmo que não seja tão vistoso como outros elementos.

Ola John

Vamos a um pré-derby. Ola John seria natural titular nos encarnados, Eric Dier nos leões. Adivinhava-se que, por ali, se podia resolver alguma coisa. E foi. O holandês foi sempre uma ameaça, deixou o inglês muitas vezes a pensar na vida e cruzou para o 1-1, de Marcos Rojo. Saiu já esgotado, como deve acontecer num derby, o primeiro que jogou. Completou um trio de estreantes com nota muito positiva.